Crian�as, alvo de uma guerra sangrenta
Sderot, Israel No campo de refugiados de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, a pequena Nama, de 2 anos, mal aprendeu a andar e passa os dias deitada num colchonete no que restou de sua casa, atingida por um bombardeio de Israel no último dia 28. Diante da c
Por | Edição do dia 11/01/2009 - Matéria atualizada em 11/01/2009 às 00h00
Sderot, Israel No campo de refugiados de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, a pequena Nama, de 2 anos, mal aprendeu a andar e passa os dias deitada num colchonete no que restou de sua casa, atingida por um bombardeio de Israel no último dia 28. Diante da comida escassa, o bebê parece apático, sem forças mesmo para chorar, o que acontece somente durante a madrugada, aterrorizado com os ruídos da intensa chuva de artilharia. A poucos quilômetros de Nama, do lado israelense da fronteira, Tomer, de 6 anos, tem água, alimentos e energia elétrica na cidade de Sderot, alvo constante dos foguetes do Hamas. Mas não consegue pregar os olhos durante a madrugada, chora por não querer sair dos abrigos antiaéreos e, quando dorme, acaba urinando na cama. Apesar de viverem em realidades opostas, os dois podem ser considerados símbolos da mesma guerra sangrenta que destruiu a infância e comprometeu seriamente o futuro de milhares de crianças israelenses e palestinas. Indefesos, para os pequenos, o trauma de sobreviver às situações-limite impostas pela crueldade da guerra podem ser irreparável. ### ONU não tem força nas negociações O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assistiu de seu escritório na sede de Nova York ao balé diplomático de autoridades européias no Oriente Médio, entre eles, o superativo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que embarcou numa turnê por Israel, Cisjordânia e Egito para tentar um cessar-fogo. Só agora Ban Ki-moon anunciou que vai à região. Para os críticos, o diplomata sul-coreano, no comando da ONU desde 2006, é o retrato atual da organização. A ONU está sem força para realizar a sua primeira vocação: prevenção e resolução de conflitos. Ban Ki-moon tardou a reagir no caso de Gaza. Mas, dos problemas, este é o menor. /// Números assustam: mais de 15 mil famílias com crianças foram obrigadas a deixar suas casas e 500 mil menores não têm água. Foto: Muhammed Muheisen - AP