Oriente Médio
Israel volta a atacar Gaza após breve ruptura no cessar-fogo
Incidente ocorre durante visita de enviados dos EUA para garantir a continuidade do acordo mediado por Washington


As Forças Armadas de Israel voltaram a abrir fogo na Faixa de Gaza ontem, um dia após o cessar-fogo com o Hamas ser interrompido por algumas horas. Segundo o Exército israelense, os disparos foram direcionados a “alvos hostis” após suspeitos invadirem uma zona de segurança para a qual as tropas haviam recuado desde o início da trégua.
O incidente coincide com a chegada ao país do enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e de Jared Kushner, conselheiro e genro do presidente americano Donald Trump, em missão para assegurar a manutenção do acordo de paz.
De acordo com comunicado militar, a ação em Shejaiya, nos arredores da Cidade de Gaza, visou neutralizar uma tentativa de infiltração na chamada “linha amarela” — área tampão definida desde o início da trégua. O Exército alegou que a operação foi “compatível com os termos do acordo” e necessária para “remover ameaças imediatas”.
A ofensiva dessa segunda-feira teve menor intensidade em comparação aos bombardeios de domingo, quando dezenas de ataques israelenses deixaram ao menos 44 mortos. O episódio foi classificado por analistas como o primeiro grande teste ao cessar-fogo mediado pelos EUA e aliados regionais. Israel justificou a ofensiva alegando resposta ao ataque que matou dois de seus soldados no sul do enclave palestino. O Hamas negou envolvimento e acusou Tel Aviv de violar o acordo.
Durante o voo de volta aos Estados Unidos, Trump declarou que o cessar-fogo “continua em vigor” e atribuiu os incidentes a “rebeldes internos” fora do controle do Hamas. “Será tratado com firmeza, mas adequadamente”, afirmou.
PRESSÃO DIPLOMÁTICA
Kushner e Witkoff desembarcaram em Israel para reuniões com o gabinete do premiê Benjamin Netanyahu, a fim de monitorar o cumprimento do pacto. Em entrevista ao programa 60 Minutes, da rede CBS, Kushner afirmou que “até o momento, o Hamas está honrando sua parte no acordo”.
Segundo ele, o foco agora é convencer Israel a contribuir para o “day after” em Gaza. “Se Israel quer se integrar plenamente ao Oriente Médio, precisa ajudar o povo palestino a prosperar”, disse.
