Eleições argentinas
Javier Milei celebra vitória legislativa e promete ‘aprofundar caminho reformista’
Com 40% dos votos, partido governista amplia bancada no Congresso e conquista espaço inédito no Senado


O presidente argentino Javier Milei comemorou o desempenho de seu partido, a Liberdade Avança (LLA), nas eleições legislativas desse domingo (26), classificando o resultado como “um dia histórico” para o país.
“Hoje o povo argentino decidiu deixar para trás cem anos de decadência. Começa agora a construção da grande Argentina”, declarou Milei na sede da campanha, em Buenos Aires. “Agradeço aos 10 milhões de argentinos que nos acompanharam e a todos os integrantes deste governo”.
A LLA obteve 40,76% dos votos para a Câmara dos Deputados, superando a peronista Força Pátria, que alcançou 31,62%. Cerca da metade das cadeiras estava em disputa. No Senado, onde um terço dos assentos foi renovado, o partido governista conquistou 42,42% dos votos, contra 28,48% do peronismo/kirchnerismo.
“Em muitas províncias, a segunda força não foi o kirchnerismo, mas partidos locais governistas. São atores racionais e pró-capitalistas. Queremos convidar os governadores a dialogar e firmar acordos conjuntos”, afirmou Milei, numa tentativa de melhorar as relações com os governos regionais.
DECADÊNCIA ECONÔMICA
A campanha eleitoral foi marcada pela narrativa de enfrentamento entre Milei e o kirchnerismo, que o presidente descreveu como símbolo do populismo e da decadência econômica argentina.
“Os argentinos demonstraram que não querem voltar ao populismo. Populismo, nunca mais”, reforçou.
Uma das maiores surpresas da eleição foi o desempenho da LLA na província de Buenos Aires, que concentra um terço do eleitorado nacional.
O partido obteve 41,53% dos votos, superando o peronismo, que ficou com 40,84%. Em 2024, os peronistas haviam vencido Milei nas eleições regionais.
Com o novo resultado, Milei ampliará significativamente sua bancada: o governo, que tinha 37 deputados, passará a contar com mais de 90 cadeiras, incluindo aliados do Proposta Republicana (Pro), partido do ex-presidente Mauricio Macri. Deste total, 64 assentos serão da LLA. No Senado, o governo, que até então não possuía representantes, terá 13 senadores.
“Este resultado confirma o mandato de 2023. A Argentina reafirmou sua decisão de mudar de forma irreversível o destino da pátria”, disse Milei, ao projetar os próximos passos do governo, cujo mandato vai até 2027. “Nos próximos dois anos, precisamos aprofundar o caminho reformista para consolidar o crescimento e fazer grande a Argentina novamente”.
Embora não tenha conquistado maioria, o governo garantiu o chamado “terço” na Câmara, o que permitirá derrubar vetos presidenciais e bloquear iniciativas mais radicais, como pedidos de impeachment.
