Paralisação
EUA: após Senado, Câmara deve votar hoje acordo para encerrar ‘shutdown’
Presidente Donald Trump comemorou decisão e diz que sancionará o texto assim que for aprovado


A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos deve votar nesta quarta-feira (12) pacote legislativo que pode pôr fim ao shutdown (paralisação, na tradução livre para o português). Caso seja aprovado, serviços públicos podem voltar à normalidade.
Na noite de segunda-feira, por 60 votos a 40, o Senado dos Estados Unidos aprovou o projeto de financiamento. O texto, costurado entre republicanos e um grupo de oito senadores democratas, garante recursos para o funcionamento de departamentos como Agricultura, Defesa e o próprio Congresso até o fim do ano fiscal de 2026.
A proposta foi aprovada com apoio de oito democratas e rejeição de um republicano, Rand Paul. Os demais gastos federais ficam assegurados apenas até 30 de janeiro do próximo ano. O acordo também prevê pagamento retroativo a servidores afetados pela paralisação, possibilidade de recontratação de demitidos e proteção contra novas dispensas até 2026.
Na Câmara, que está em recesso, o presidente Mike Johnson convocou os parlamentares a retornarem a Washington o quanto antes.
O presidente Donald Trump, que apoiou a medida, afirmou durante o discurso do Dia dos Veteranos, no Cemitério Nacional de Arlington, que sancionará o texto assim que for aprovado. “Estamos reabrindo o nosso país. Ele nunca deveria ter sido fechado”, declarou.
SUBSÍDIOS
A principal divergência entre republicanos e democratas dizia respeito à prorrogação dos subsídios do Affordable Care Act (Obamacare), que expiram em dezembro e garantem cobertura de saúde a milhões de americanos. A extensão não foi incluída no texto aprovado, mas o líder da maioria republicana, John Thune, prometeu submeter o tema a nova votação em dezembro — compromisso que garantiu o apoio dos oito democratas dissidentes.
A decisão dividiu o Partido Democrata. Senadores como Bernie Sanders e Edward Markey criticaram o acordo, classificando-o como uma “catástrofe política”. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, votou contra e acusou Trump de “crueldade” ao prolongar a paralisação de 41 dias. Parte da bancada chegou a defender seu afastamento da liderança.
Na Câmara, o cenário permanece incerto. Com maioria apertada — 219 republicanos contra 213 democratas —, o governo ainda enfrenta resistência da ala conservadora, contrária ao aumento de gastos.
Entre as vozes dissidentes, destaca-se a deputada Marjorie Taylor Greene, que surpreendeu ao apoiar a manutenção dos subsídios de saúde, alegando que o fim dos créditos fiscais dobraria os custos dos planos de sua própria família.
Enquanto isso, alguns deputados cancelaram a viagem à COP30, em Belém (PA), para acompanhar a votação.
Caso o projeto seja aprovado sem mudanças, Trump deverá sancioná-lo, encerrando oficialmente o impasse que paralisou o governo federal por mais de 40 dias..
