Fim da paralisação
Governo dos Estados Unidos retoma atividades após 43 dias de ‘shutdown’
Presidente Trump sancionou lei aprovada no Congresso que reestabelece financiamento federal


O governo dos Estados Unidos começou a retomar a normalidade nessa quinta-feira (13), após o presidente Donald Trump sancionar, na madrugada (horário de de Brasília), o projeto de lei que encerrou a paralisação governamental mais longa da História do país — 43 dias de shutdown. A medida, aprovada pela Câmara dos Deputados por 222 votos a 209, restabelece o financiamento federal e permite a reabertura gradual de programas e serviços interrompidos.
Horas após a votação, Trump reuniu líderes republicanos e empresários na Casa Branca para assinar a proposta.
“Com a minha assinatura, o governo federal retomará suas operações normais”, afirmou o presidente, criticando o bloqueio democrata ao orçamento. “Hoje enviamos uma mensagem clara de que nunca nos submeteremos a uma extorsão”.
O impasse começou quando o Partido Democrata condicionou a liberação de verbas à manutenção de subsídios da Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care Act). A ruptura ocorreu na semana passada, quando parte dos senadores democratas decidiu apoiar a proposta republicana que viabilizou o acordo.
Com o fim do bloqueio, funcionários federais afastados sem remuneração devem retornar ao trabalho, incluindo os que processam pagamentos de programas sociais. A Casa Branca informou que os beneficiários do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), que atende 42 milhões de pessoas, voltariam a receber os valores em poucas horas. Já programas de educação infantil e a normalização da malha aérea devem levar mais tempo.
Setores diretamente afetados, como aviação, hotelaria e turismo, ainda calculam prejuízos e podem demorar a se recuperar. Economistas preveem que os efeitos sobre a economia americana perdurem por semanas.
CASO EPSTEIN
Enquanto sancionava o fim da paralisação, Trump voltou a enfrentar polêmicas ligadas ao caso Jeffrey Epstein — magnata acusado de exploração sexual de menores, que se suicidou na prisão em 2019. O presidente da Câmara, Mike Johnson, anunciou que colocará em votação, na próxima semana, um projeto de lei que determina a divulgação dos arquivos do caso.
A decisão ocorre após a deputada democrata Adelita Grijalva, do Arizona, assumir o cargo e se tornar a 218ª assinatura necessária para destravar a votação. O gesto de Johnson antecipa o cronograma previsto, em meio à repercussão de e-mails atribuídos a Epstein que mencionam o nome de Trump.
Mensagens reveladas por deputados democratas sugerem que o ex-financeiro trocou correspondência com Ghislaine Maxwell, sua ex-sócia, e com o escritor Michael Wolff, mencionando que Trump teria conhecimento sobre suas “meninas”. Em um dos e-mails, de 2011, Epstein cita o então empresário e afirma que “sabia sobre as meninas, já que pediu para Ghislaine parar”.
A Casa Branca reagiu, acusando os democratas de vazarem seletivamente as mensagens para “fabricar uma narrativa falsa”. Trump classificou a proposta de divulgação integral dos arquivos como “farsa democrata”.
Mesmo que o projeto avance na Câmara, ainda dependerá de aprovação no Senado e da sanção presidencial — um cenário incerto diante da resistência republicana.
