Negociações
Ucrânia enviará hoje aos EUA plano de paz revisado
Presidente Volodymir Zelensky reafirma que o país não pode abrir mão de nenhuma parte de seu território, como reivindica a Rússia


A Ucrânia apresentará hoje um plano de paz revisado aos Estados Unidos, com o objetivo de pôr fim à guerra com a Rússia, após conversas em Londres entre o presidente Volodymyr Zelensky e os líderes de França, Alemanha e Reino Unido.
À medida que a guerra se aproxima da marca de quatro anos, a Ucrânia, pressionada pela Casa Branca para concordar rapidamente com a proposta de paz, busca alterar o documento apoiado pelos EUA, amplamente visto como favorável à Rússia.
A reunião de ontem, organizada às pressas, entre o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, o presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Friedrich Merz, e Zelensky, teve como objetivo fortalecer a posição da Ucrânia.
Após a reunião, Zelensky disse a jornalistas que o plano revisado contém 20 pontos, mas que ainda não há acordo sobre a questão da cessão de território – algo que o Kremlin vem pressionando.
O presidente ucraniano destacou que “o princípio dos americanos é encontrar um compromisso”.
“É claro que existem questões complexas relacionadas ao território, e ainda não se chegou a um consenso”, adicionou. Ele reiterou sua posição, já declarada diversas vezes, de que a Ucrânia não pode abrir mão de nenhuma parte de seu território.
Anteriormente, uma fonte do governo britânico havia afirmado que a reunião dessa segunda-feira se concentraria no uso do valor dos ativos russos congelados no Ocidente.
Líderes da Estônia, Finlândia, Irlanda, Letônia, Lituânia, Polônia e Suécia pediram à União Europeia para agilizar a tramitação de uma proposta para usar esses ativos como forma de financiar a Ucrânia.
Starmer, Macron, Merz e Zelensky também buscam obter garantias de segurança dos EUA para ajudar a dissuadir novos ataques da Rússia.
PLANO DE CESSAR-FOGO PARA UCRÂNIA
A publicação de um plano de cessar-fogo dos EUA no mês passado ajudou a direcionar a atenção dos líderes europeus, que temem que a Ucrânia possa ser forçada a aceitar muitas das exigências russas, o que, segundo alguns, poderia desestabilizar o continente.
Mas, embora autoridades americanas tenham afirmado estarem na fase final de negociações para um acordo, até o momento há poucos indícios de que a Ucrânia ou a Rússia estejam dispostas a assinar o acordo preliminar elaborado pelos negociadores de Trump.
“Estamos ao lado da Ucrânia e, se houver um cessar-fogo, ele precisa ser justo e duradouro”, disse Starmer após receber os líderes em sua residência em Downing Street.
Macron e Merz também expressaram determinação em prosseguir com um plano firme, em um momento que a chanceler alemã descreveu como “decisivo para todos nós”.
Zelensky destacou o delicado equilíbrio que as potências europeias precisam alcançar ao tentar negociar melhores termos para o plano proposto pelos EUA.
“Há algumas coisas que não podemos administrar sem os americanos, coisas que não podemos administrar sem a Europa; é por isso que precisamos tomar algumas decisões importantes”, adicionou.
EUA PODEM DESISTIR DE BUSCAR A PAZ
Filho mais velho do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump Jr. afirmou no domingo (7) que seu pai pode desistir de buscar a paz na guerra da Ucrânia, já que as conversas por um acordo para terminar o conflito estão mais lentas do que o governo Trump gostaria e o assunto estaria exaurindo os americanos.
“O público americano não tem apetite [para guerras intermináveis e o financiamento contínuo da defesa ucraniana]”, declarou o empresário durante o Fórum de Doha, no Catar.
Segundo ele, o tráfico de drogas seria uma “ameaça muito mais clara e presente aos EUA que qualquer coisa acontecendo na Ucrânia ou na Rússia”.
Ao ser indagado se acreditava que o presidente Trump desistiria da Ucrânia, Trump Jr. respondeu: “Acho que sim. O que é bom no meu pai, e o que é único, é que você não sabe o que ele vai fazer. Ele é imprevisível.”
