Tensão
Trump anuncia apreensão de petroleiro na costa da Venezuela
Operação ocorre em meio à maior mobilização militar americana na região


Os Estados Unidos apreenderam um navio petroleiro na costa da Venezuela ontem, confirmou o presidente Donald Trump, em meio à intensificação da pressão militar e diplomática sobre o governo de Nicolás Maduro. A embarcação, segundo a agência Bloomberg, estava na lista de sanções americanas, embora não tenha sido revelado quem a operava.
“Acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um grande petroleiro, muito grande, o maior já apreendido”, disse Trump a jornalistas no Salão Oval. O presidente evitou fornecer detalhes sobre a abordagem, a rota ou o nome da embarcação, afirmando apenas que a operação ocorreu por “um motivo muito válido”.
De acordo com um integrante do governo americano ouvido pela Bloomberg, a ação foi conduzida contra “uma embarcação sem Estado” que recentemente havia atracado na Venezuela. A estatal PDVSA não comentou o episódio. Fontes consultadas pela Reuters afirmam que o navio apreendido é o petroleiro Skipper, sancionado por transportar petróleo iraniano quando operava sob o nome Adisa. Segundo autoridades dos EUA, o Skipper transportava petróleo venezuelano, mas não estava a serviço de Caracas. Uma fonte consultada pela rede de TV CNN revelou que a embarcação tinha como destino Cuba.
A apreensão ocorre durante a maior operação militar dos EUA no Caribe em décadas, oficialmente destinada ao combate ao narcotráfico. O governo Maduro, porém, acusa Washington de preparar uma intervenção para removê-lo do poder. Os EUA oferecem US$ 50 milhões pela captura do líder venezuelano, acusado de chefiar o cartel de Los Soles. Em resposta, Maduro pediu o fim do “intervencionismo ilegal e brutal” americano na Venezuela e na América Latina.
Atualmente, cerca de 15 mil militares americanos estão mobilizados na região, com navios de guerra, aeronaves de combate e o porta-aviões Gerald Ford. Desde setembro, 22 embarcações acusadas de transportar drogas foram destruídas, resultando em mais de 80 mortes.
Trump tem sugerido, em diversas ocasiões, a possibilidade de uma operação terrestre na Venezuela, levantando alertas tanto em Caracas quanto no Congresso dos EUA, onde parlamentares de ambos os partidos rejeitam uma nova intervenção militar na América Latina.
A nova estratégia de segurança nacional divulgada pela Casa Branca reforça a presença americana na região e retoma elementos da Doutrina Monroe.
Apesar de deter as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, a Venezuela produz menos de 1 milhão de barris por dia, recorrendo a “navios fantasma” para driblar sanções internacionais.
A Chevron mantém operações no país graças a uma licença especial do Departamento do Tesouro; o CEO Mike Wirth afirmou que negocia a renovação da autorização.
A apreensão do petroleiro tende a alimentar o discurso de Maduro de que o objetivo de Trump seria controlar as reservas venezuelanas. Contudo, reportagem do New York Times revelou que representantes do próprio governo venezuelano chegaram a oferecer acesso preferencial a petróleo e minerais, como ouro, em troca do alívio das sanções — proposta negada pela Casa Branca.
A escalada ocorre em um momento de aumento da tensão militar no Caribe, iniciado em agosto, quando Trump ordenou uma mobilização massiva para enfrentar cartéis de drogas classificados por Washington como organizações terroristas, incluindo o cartel de Los Soles.
