Tensão
Maduro ordena escolta naval a petroleiros após bloqueio
Medida foi tomada após EUA determinarem sanções contra embarcações venezuelanas


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou que a Marinha passe a escoltar navios que transportam derivados de petróleo para fora dos portos do país, em meio a uma nova escalada de tensões com os Estados Unidos. A medida foi anunciada após o presidente norte-americano, Donald Trump, determinar sanções contra embarcações envolvidas no transporte de petróleo.
Na terça-feira, Trump anunciou que todos os navios sancionados pelos Estados Unidos que entrem ou saiam da Venezuela transportando petróleo estão bloqueados.
Segundo o jornal The New York Times, diversas embarcações partiram da Venezuela em direção à Ásia, com escolta naval. No entanto, nenhum dos navios comerciais está na lista de petroleiros sancionados pelos Estados Unidos.
Atualmente, os EUA realizam a Operação Lança do Sul na região, cujo objetivo declarado é combater o tráfico de drogas. Até o momento, cerca de 26 barcos foram atacados em águas do Caribe e do Oceano Pacífico, por supostamente transportarem entorpecentes para o solo norte-americano.
Maduro é o principal alvo das ameaças de Washington. Contestado internacionalmente, o herdeiro político de Hugo Chávez é apontado como líder do cartel de Los Soles. O mesmo grupo foi classificado, recentemente, como organização terrorista internacional pelos EUA.
Recentemente, o presidente republicano revelou que os ataques norte-americanos podem evoluir de operações no mar para a terra.
Ainda segundo a reportagem, cerca de 40% dos petroleiros que transportaram petróleo bruto da Venezuela nos últimos anos foram alvo de sanções dos Estados Unidos.
PETRÓLEO
A Venezuela e seu petróleo estão no centro de duas prioridades declaradas da política de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: o controle de recursos energéticos estratégicos e a influência no Hemisfério Ocidental.
O país concentra cerca de 17% das reservas mundiais conhecidas de petróleo — mais de 300 bilhões de barris, volume quase quatro vezes superior ao dos EUA. Atualmente, a China é o principal ator externo na indústria petrolífera venezuelana, comprando cerca de 80% da produção, influência que Washington busca conter.
O peso do petróleo ficou evidente em negociações reservadas recentes entre autoridades americanas e o governo de Nicolás Maduro, assim como em conversas de assessores e aliados de Trump com María Corina Machado e outros nomes da oposição. Nas tratativas, o setor energético surgiu como moeda de troca, seja para aliviar pressões sobre Caracas, seja como incentivo a apoios políticos.
“Estou falando de uma oportunidade de US$ 1,7 trilhão (R$ 9,29 trilhões)”, afirmou María Corina no mês passado, semanas após ser anunciada vencedora do Prêmio Nobel da Paz, ao destacar as reservas de petróleo e gás do país durante participação por videoconferência em um evento empresarial em Miami, acompanhado por Trump.
