Tensão
Rússia coloca em operação mísseis nucleares hipersônicos
Sistema Oreshnik entra em serviço em meio a negociações sobre guerra na Ucrânia


O sistema de mísseis russo Oreshnik, com capacidade nuclear, entrou oficialmente em serviço ativo na Bielorrússia, informou ontem o Ministério da Defesa da Rússia. O anúncio, fei-to ontem, ocorre em meio a um momento sensível das negociações internacionais para tentar encerrar a guerra na Ucrânia, que já se estende por quase quatro anos.
Segundo o ministério, tropas russas realizaram uma breve cerimônia em território bielorrusso, onde os mísseis foram posicionados. Um vídeo divulgado pelo governo russo mostra veículos de combate do sistema móvel de mísseis balísticos de alcance intermediário atravessando uma área de floresta durante treinamentos.
As autoridades não informaram quantas unidades foram instaladas nem detalhes técnicos adicionais.
O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, já havia confirmado no início do mês que o sistema Oreshnik havia chegado ao país, afirmando que até dez desses mísseis poderão ser estacionados em território bielorrusso. O presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, declarou anteriormente que o armamento entraria em operação antes do fim do ano.
O Oreshnik é um míssil hipersônico — arma capaz de voar a mais de cinco vezes a velocidade do som, o que dificulta sua detecção e interceptação. De acordo com Putin, o sistema pode atingir velocidades de até 12 mil km/h, possui múltiplas ogivas e pode transportar cargas convencionais ou nucleares, com alcance suficiente para atingir alvos em toda a Europa.
A Rússia utilizou o Oreshnik pela primeira vez em novembro de 2024, em um disparo experimental contra uma fábrica na cidade de Dnipro, na Ucrânia. Na ocasião, Moscou buscou demonstrar sua capacidade militar em meio à escalada do conflito.
O anúncio acontece enquanto os Estados Unidos tentam mediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. No domingo, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que as partes estariam “mais perto do que nunca” de um entendimento, embora tenha admitido que as negociações, conduzidas há meses, ainda podem fracassar.
Os diálogos seguem travados em pontos centrais, como a retirada de tropas russas do território ucraniano e o futuro da Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014. Moscou tem procurado negociar a partir de uma posição de força, enquanto o Exército ucraniano enfrenta dificuldades para conter o avanço das tropas russas, superiores em número.
Em reunião recente com altos oficiais militares, Putin destacou a criação de zonas de proteção ao longo da fronteira russa e afirmou que as forças de Moscou avançam na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, além de intensificarem a ofensiva no sul, em Zaporizhzhia.
