NÃO SE VIVE O PRESENTE SEM CONSULTAR O PASSADO

A frase “não se vive o presente sem consultar o passado” cabe muito bem na essência da política de Alagoas. A atual safra mostra talento, mas teima nas comparações com os que vêm de longe. A sabedoria e a experiência só chegam com prática e serviços prestados, que faltam na biografia dos novatos, ainda muito verdes e com pouca estrada percorrida. Não se pode querer falar do time do Botafogo da época do Manga, Nilton Santos, Didi, Garrincha e Zagalo. Atual elenco da equipe carioca não seria apresentado numa foto em preto e branco, por falta de reconhecimento. Produz saudosismo, poucos conhecem escalação e, no passado, mundo enaltava jogadores que dividiam com Santos base da Seleção. Eles brigam, discordam, trocam desaforos, mas não se deve esquecer a história do retrovisor do carro. A conjuntura não é a mesma e os atores – maioria deles começando agora – não eram nem nascidos nas grandes emoções do voto. Retratos de Thomaz Nono, Biu de Lira, Jota Duafre, Fernando Collor e Renan Calheiros, por exemplo, já constam na galeria.

PREFEITOS UNIDOS DECIDEM ELEIÇÃO MAJORITÁRIA 2022

Governador José Tavares anunciava, com voz grossa, a palavra do advogado Walter Lobão, presença de bastidores políticos. Silêncio no auditório, amigos se levantavam quando o presidente da Associação dos Suplentes de Vereadores de Alagoas abria o discurso – “As bases do voto no Estado vão falar!”. E listava reivindicações que nunca eram atendidas.

As bases de Lobão, levado na brincadeira, estão vivas, mas divididas em vários pedaços nos municípios. Se se juntarem – os interesses de cada um não permitem – decidem a eleição de 2022 e ainda fortalecem a categoria na relação com Brasília. É só o presidente da AMA, Hugo Wanderley, unir prefeitos ano que vem, asfaltar a pista e iniciar a corrida do voto. Discursos, projetos, visitas dão aparência que tudo caminha certo, de acordo com o combinado nas ruas. Cada um passeia com placa nas costas e, nas necessidades, poucos aparecem para prestar solidariedade. Presença de todos mesmo só nos desfiles da campanha para renovação dos mandatos onde, de cara dura, prometem tudo - até amor eterno.

A IMPORTÂNCIA DO CARGO NA VALORIZAÇÃO DO VOTO

De baixo, sem prestígio, qualquer um anda nas ruas sem ser notado, como simples transeunte. Na faixa intermediária, os olhares crescem nas esquinas, chamando a atenção de quem avista os personagens de longe. Lá em cima, vestindo a camisa do poder, aí o povo se aglomera para apertar a mão e as autoridades para fazer pose e sair rindo no retrato.

Deputado Tarcísio de Jesus encontrou uma saída para se livrar da lista de personalidades em qualquer solenidade. Chamado para falar, citava o nome do governador e depois emendava: “E demais autoridades em nível de excelência!”. Encurtando a viagem, atingia todos os vaidosos que se sentiam felizes em ouvir todo mundo olhando para a mesa principal. Bem votado – vereador de Maceió, deputado estadual e federal – Arthur Lira, de repente, virou estrela nacional. Eleição para presidente da Câmara, em Brasília, transformou sua vida política em Alagoas. Além das homenagens, apertos de mão, elogios grátis, ganhou também a admiração de muitos parentes e amigos que, até então, não tinha intimidade.