Ele é um dos jovens artistas visuais da cidade e um dos mais conectados. Aos 33 anos, o administrador Diego Barros deixou um pouco de lado os números e seguiu um amor que, em sua vida, surgiu há muito tempo: a pintura. Com ideias que perpassam pelos seus questionamentos internos, exaltação de personagens que deixaram um legado e críticas sociais do cotidiano, o pintor está com sua segunda exposição em cartaz na Luxx até o fim do mês e conta um pouco de suas inspirações e desejos ao compartilhar com o público as suas obras.
Sua história de vida teve a pintura como parceira constante. Apesar de não ter lembranças, a mãe de Diego conta da facilidade que ele tinha para desenhar e pintar e o artista corrobora com a forte presença da arte durante seu crescimento. “Acredito que toda criança ama pintar. É nesse período da vida que exercemos nossa criatividade artística sem nenhum pudor. Eu, na verdade, não tenho lembranças nessa idade do que pintava e nem de inspirações, mas minha mãe afirma que quando criança eu tinha uma certa facilidade pra coisa”, inicia Barros.
A facilidade não foi fator determinante em sua carreira artística, tendo até demorado um pouco para que ele nutrisse de fato o trabalho com as suas obras. “Na verdade, eu sempre tinha tratado a arte como algo despretensioso. Gostava de desenhar, mas só fazia quando me sobrava um papel e uma caneta por perto em momentos de ‘nada pra fazer’. Lembro bem que gostava de desenhar no caderno da escola, e o engraçado é que levei esse hobby até a faculdade, onde me formei em Administração.”
Quando chegou o ‘ano da virada’, Diego não deixou para trás a dedicação aos estudos, apenas adequando a vertente do que queria se aprofundar. “O ano foi 2017. A partir daí que o amor pela arte chegou e ficou na minha vida, graças a Deus! Porque posso afirmar para vocês, a arte tem um poder transformador no indivíduo. São apenas dois anos que comecei realmente a consumir arte. Não só criando, mas estudando a fundo. É sempre um livro atrás do outro, aprendendo sobre minhas referências, sobre os movimentos artísticos e também como aflorar cada vez mais a minha criatividade”.
Questionado sobre como lida com os desafios de viver da arte em Alagoas, mesmo sendo formado em Administração, o artista mostra otimismo e considera uma possibilidade trabalhar só com pinturas.
“Com relação a viver apenas das minhas obras, posso responder que sim! Afinal, fazer o que gosta é libertador, e está totalmente ligado à saúde mental. Em tempos que tem o estresse como mal do século, não seria nada mal ter meu melhor hobby como a forma única de subsistência! Com relação a estímulos e desestímulos, o que posso dizer é: eu sei bem das dificuldades e da complexidade que é o mercado da arte, cabe a mim continuar progredindo como artista, alinhado ao planejamento estratégico de imagem e visibilidade nacional e internacional. E vou falar, ainda bem que vivo em uma época ‘conectada’. Comecei a pintar profissionalmente há pouco tempo e já recebi tanto feedback de pessoas do mundo todo! Isso me estimula muito!”, expõe.
O assunto ainda é a mudança de foco na carreira. Diego explica como era a sua rotina de graduando e artista e como estão as coisas agora. “Trabalhei com números por muito tempo. No começo, só conseguia pintar nos finais de semana ou à noite, antes de dormir. Hoje já consigo ter uma rotina diária com as artes, o que me faz produzir, estudar e evoluir com mais facilidade. Eu consigo pintar durante as tardes e noites, o problema é quando a inspiração não vem, aí não tem jeito”, ressalta.
A exposição
Com a ‘Mostra Diego Barros’ aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, na Luxx, ali na antiga Amélia Rosa, ele fala sobre o processo de criação e qual a grande intenção da exposição. “São dias para curtimos um happy hour, amigos, cervejas e arte. Acredito que Maceió é carente de eventos assim, e nada melhor que movimentar um pouco a cidade, reunir a rapaziada e trocar uma ideia. Nessa mostra, foram aproximadamente 16 pinturas que surfaram em vários temas, como o amor por Maceió, o universo e seus mistérios, cervejas, biografias de grandes personalidades, a lua e sua beleza, e até geopolítica entrou na brincadeira. Expor pra mim representa conexão, mesmo sendo despretensioso, como foi a mostra. A conexão de juntar pessoas é incrivelmente prazerosa, pois eu sei que, naquele momento, a arte fomentou em Maceió”.
E para o futuro, o que Diego Barros pensa? “Espero continuar buscando na arte uma forma de me expressar e conectar pessoas. E assim conseguirei deixar um pouco da minha essência nesse planeta”, finaliza.