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Uma alagoana chamada Gabô

Com um humor peculiar, influencer revela reação da família à sexualidade e como lida com o sucesso na internet

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Com mais de 365 mil seguidores na rede social Tik Tok, a alagoana Gabriela Pantaleão vem caindo nas graças do público e conquistando a internet. Aos 26 anos de idade, Gabô - como é chamada - é tida pelo público como a “sapatão” mais esparrada do Brasil e viralizou ao fazer conteúdo reagindo a vídeos famosos. Mas se engana quem acha que ela sempre se dedicou a essa atividade. Já no 6º período da faculdade, a alagoana percebeu que não queria seguir os passos de sua mãe e irmãos e enxergou a oportunidade de trabalhar no mercado digital como Social Media.

Devido a pandemia do Coronavírus, Gabô precisou interromper o seu trabalho. Surpreendida pelo novo normal, chutou o pau da barraca, viu a oportunidade de se dedicar às suas redes sociais e começou a criar conteúdos de humor.

“Durante a quarentena, os vídeos do Mário Jr começaram a viralizar e eu comecei a reagir para alguns amigos nos stories e no Twitter. Eles foram mandando para outros amigos e, de repente, já tinha milhões de pessoas visualizando, curtindo e comentando. Foi uma grande surpresa”, explica a profissional que teve 10 mil compartilhamentos e mais de 40 mil curtidas nos primeiros vídeos.

Lésbica assumidíssima, Gabô vem se destacando por trazer a representatividade da mulher caminhoneira - uma gíria que significa o corpo feminino masculinizado - e retratar esse assunto por meio da influência digital. Quadros como o ‘despertador do LGBQIA+’, curiosidades através de caixas de perguntas e histórias hilárias do seu cotidiano fez o público do Instagram aumentar cada vez mais e, atualmente, a digital influencer já conta com quase 300 mil seguidores na plataforma do Mark Zuckerberg.

“Quero usar minha voz ativa para conscientizar todos que uma mulher homossexual e caminhoneira tem representatividade. Quando eu era mais jovem, sofri por me achar diferente e não ter referências, por não ver nada parecido comigo por aí. Vivemos em um país com tanto preconceito e ódio estabelecidos na sociedade, mas hoje, quero suprir essa necessidade e dizer para a sapatão machinho que está do outro lado do país, seja jovem, adulta ou velha, que nós existimos e nós também estamos em todos os lugares, inclusive na internet”, reflete.

Falando em referências, Gabô entende que o espaço para mulher já é difícil e quando é uma mulher gorda, lésbica, caminhoneira e nordestina, o caminho fica ainda mais. Porém, não vê isso como um empecilho, e sim como uma oportunidade de mostrar que é lindo ser do jeito que ela é e o humor dela é tão bom, interessante e incrível como grandes nomes.

“Meu conteúdo é diverso, para todos os públicos. Recebo mensagens como ‘sou hétero, mas adoro o seu conteúdo’ e eu respondo ‘ótimo! ele é feito para você’. Quero que o público entenda que a diversidade é isso e o meu conteúdo não é segmentado. Só quero que reconheçam nós, LGBTQIA+, como profissionais tão bons, competentes e incríveis como qualquer outros”.

Se a cantora norte-americana Ariana Grande se destacou em 2019 ao cantar “que Deus é uma mulher”, Gabô aplaude e explica o poder da representatividade feminina no mundo.

“Minha grande inspiração sempre foi a atriz e apresentadora Tatá Werneck. Acompanho-a desde seus programas de humor na MTV e ver uma mulher conquistando esse espaço todo em um mundo humorístico brasileiro predominantemente masculino é um grande gás para continuar”, conta.

HATERS

Dizem que você só é famoso quando sofre ataque de haters. Então, nesse caso, a digital influencer Gabô já pode marcar como missão cumprida por ‘brincar’ com o sexo masculino, ao falar que não se considera bissexual por não gostar de homens. “Meu último vídeo que viralizou eu diria que foi uma benção. Apesar de muitos não gostarem da forma como eu levo o meu humor, ver artistas como Pequena Lo, Thaynara OG, Alvxaro, Jaloo e a dragqueen Bianca DellaFancy compartilhando e comentando foi incrível. Não quero que vejam minhas piadas como ofensas, quero que vejam como diversão. Quero levar leveza, risos e felicidades a todos. Em um tempo turbulento como o que estamos passando, quero que esqueçam um pouco sobre tudo e apenas riam”, frisa Gabô.

APOIO FAMILIAR

Mesmo com o apoio de outros profissionais, Gabriela comenta que o suporte da família e dos amigos foi essencial para ela continuar na internet.

“Minha relação com a minha família sempre foi incrível. Sempre encontrei apoio desde quando me descobri e me entendi lésbica. Nunca sofri nenhum tipo de intervenção, nem por meus familiares e nem por meus amigos, muito pelo contrário, foi o apoio inicial o que me fez persistir. Sou muito privilegiada por isso eu agradeço sempre.”

Os números de Gabô vêm crescendo rapidamente e isso é sinônimo de todo esforço e dedicação da digital influencer. Na rede social Instagram, seus vídeos já contam com quase 2 milhões de visualizações e ao questionarmos qual o segredo, ela nos dá a melhor resposta:

“O público. Faço meu conteúdo me conectando com os fãs, perguntando o que eles gostariam de ver, lendo os comentários e abrindo caixa de sugestões. É por eles que ligo o forró no último volume para acordar animada, dar bom dia e começar de fato o meu dia. Fui abençoada com toda essa visibilidade e quero usá-la para fazer o que eu mais gosto de fazer: as pessoas rirem”, finaliza.

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