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Sem polêmicas nas festas de fim de ano

Alagoanos optam por deixar diferenças de lado e manter a paz ou até não comparecer a festas familiares de fim de ano

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O fim de ano chegou e é a hora de confraternizar com amigos e entes queridos. Para alguns, os encontros proporcionados pela época festiva nem sempre conseguem ser prazerosos e afetuosos, gerando a seguinte dúvida: manter a paz em família ou a saúde mental?
Questões políticas, de relacionamentos, objetivos de vida, diversos são os pontos que causam desconforto nas reuniões familiares. Com os entes queridos sendo o grupo social mais importante em ocasiões sociais como natal e réveillon, a relação com a família vira pautas constantes dentro dos atendimentos psicológicos, já que as queixas sobre o ambiente familiar, saudável ou não, ganham mais peso.
O psicólogo João Paulo Alves (CRP - 15/6139) explica que é preciso entender que o convívio familiar não deve ser uma função obrigatória em situações de desrespeito e privação afetiva. Sendo necessário identificar o nível de insalubridade do ambiente familiar e retirar-se para manter a saúde mental em bom estado.
Se um membro do grupo afetivo é alvo de negligência e invalidação, o estabelecimento da harmonia individual se garante pelo distanciamento. Se o contato com o núcleo familiar sempre implica na manifestação de sentimentos dolorosos, ela não deve ocorrer a todo custo pela simples alegação de que a época é familiar”, explicou.
Ítalo Torres, mesmo com algumas intrigas familiares, não abriu mão da festa em família. O técnico de redes revela que tentou resolver os impasses existentes com uma familiar, mas não obteve sucesso.
“Felizmente, o fato não afetou a união da minha família. Desde que essa determinada parente chegou para morar em minha casa que o ambiente começou a ter problemas, mas passarei o Natal com eles e estou com minha consciência tranquila em relação a isso”, revela.
Já a jovem Mirella Flor, com apenas 18 anos, já está acostumada a não participar das festas familiares de final de ano. Mesmo sentindo falta de alguns momentos com a família e do apoio dos parentes, desde que percebeu que não estava saudável viver naquele ambiente, Mirella se distanciou. Em 2022, ela resolveu passar a data com o namorado.
“Quando minha família descobriu que eu sou LGBT, terminou se afastando de mim e eu deles. Já tem algum tempo que não passo o Natal com a família. Eu percebi que o ambiente familiar já não me fazia bem, era tóxico para mim, sentia que a minha família apenas me aturava. Sinto falta de ter um apoio deles, mas não da forma como eu vivia. É complicado!”, contou.
De acordo com o psicólogo João Paulo Alves, é comum que os encontros familiares tragam à tona a qualidade das relações do grupo familiar, pois os membros costumam reviver situações dolorosas gerando um desconforto. Além disso, os festejos de fim de ano naturalmente carregam um simbolismo do recomeço vindouro que implica no declínio do humor.
“Nesses casos, as festas também acabam sendo marcadas como experiências traumáticas e a proximidade deles pode gerar sentimentos desagradáveis pelo dever de serem encarados. As pessoas sentem como se estivessem vivendo o luto de um período que se encerra. Elas pensam no que fizeram e no que deveriam ter feito, e tal reflexão nem sempre resulta em saldo positivo”, pontua.
O psicólogo também alerta que os problemas trazidos pela época e os momentos familiares podem gerar impactos de longo prazo, como transtornos depressivos e de ansiedade, engatilhados pela sensação de vazio e solidão decorrentes das situações afetivas de abandono e perda, e pelo distanciamento potencializado nas festas de fim de ano.
Um conselho do profissional para encarar melhor a época é criar uma rede de apoio que favoreça para que esses sentimentos não aflorem com tamanha intensidade.
“Construir laços afetivos e conexões com pessoas fora do meio familiar pode contribuir para dar um significado novo ao período natalino. Como sabemos, família também é as pessoas que escolhemos para a vida”, afirma.
Vitória Regina é uma das alagoanas que só aparece nas festas de família quando se sente preparada psicologicamente. Com 23 anos, a jovem conta que já faz alguns anos que passar o Natal em família já não tem mais tanta importância, optando sempre por passar entre amigos.
“Minha família impõe que a verdade deles é a absoluta, que por ser parente eu tinha que aceitar o desrespeito e a falta de empatia. Quando percebi que minhas decisões, minha felicidade não importava para essas pessoas, me afastei. Às vezes dá uma saudade das lembranças, dos momentos bons, mas unindo isso aos outros problemas pessoais, acabei desencadeando ansiedade e um medo de ‘não ser ninguém’ e a dúvida de se realmente estou fazendo o que é ‘certo’”, afirma.

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