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Nº 5856
Maré

Artesão Valdelon Peixoto se inspira na fauna brasileira para esculpir

Inspiradas na fauna brasileira, obras do artesão Valdelon Peixoto, de Boca da Mata, são cobiçadas por designers e turistas

Por Thauane Rodrigues* | Edição do dia 29/04/2023 - Matéria atualizada em 29/04/2023 às 05h30

/Foto:@Ailton Cruz
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Foto:@Ailton Cruz
Foto:@Ailton Cruz - Foto: Ailton Cruz;@Ailton Cruz
 

As esculturas em madeira constituem uma marca registrada de Alagoas na arte e no design brasileiro e até do mundo. Há anos, talentos de Boca da Mata, no interior de Alagoas, exportam estilo e autenticidade, com peças que viraram o xodó de turistas que desbravam as maravilhas do estado. São artistas como Valdelon Peixoto que seguem divulgando as particularidades locais por meio de obras cobiçadas como arte e decoração.


Fruto de um trabalho manual repleto de criatividade, as esculturas tipicamente alagoanas passaram a ter destaque a partir dos trabalhos de Manoel da Marinheira, que durante anos confeccionou com primazia diversas obras que retratavam os animais da fauna brasileira e o imaginário interiorano.


O mestre Marinheira, que aprendeu o ofício com o pai, repassou o conhecimento para os filhos, que repassaram para os cônjuges e, consequentemente, para outros integrantes da família e da comunidade. Foi dessa forma que a arte em madeira chegou até Valdelon Peixoto, que há aproximadamente 30 anos trabalha com as esculturas, sempre no município de Boca da Mata.


Após algum tempo morando em São Paulo, a volta para o interior alagoano rendeu muitas surpresas para Valdelon. Com o casamento de um irmão com uma das filhas de seu Manoel da Marinheira, o despertar para a arte começou depois de muito incentivo do irmão e da cunhada, que já trabalhavam com a arte.


“Na época eu era dono de um barzinho, mas meu irmão sempre me aconselhava a não investir muito nisso, não achava legal que eu trabalhasse com bebida, então começou a me incentivar a aprender a esculpir, tanto que comecei ainda dentro do bar, produzimos muitas artes juntos”, contou o artesão.


Com o tempo, Valdelon passou a tomar gosto pela coisa e a vontade de produzir mais só cresceu quando percebeu que era possível ganhar dinheiro com as esculturas. Desde então, o artista nunca mais parou e segue resistindo para manter viva a tradição das esculturas.


“Uma vez levei algumas artes para a casa de seu Manoel, para que ele pudesse vender junto com as dele. Quando vendeu, recebi um dinheiro que eu nunca tinha recebido, fiquei impressionado, principalmente por ter ganhado fazendo algo que eu gosto. Fechei o bar e me dediquei mais às minhas produções”, relembrou ele.


Produzindo peças que levam de 20 a 30 dias para ficarem prontas, dependendo do tamanho e dos detalhes, Valdelon revela que entre todas suas obras, a que mais gosta de produzir é o Leão, que também é uma das peças que mais é procurada e vendida. Trabalhando diariamente com talhadeiras, furadeiras e diversas outras ferramentas, o artista afirma que sua maior preocupação é com o acabamento de suas esculturas.


“Cada peça carrega meu nome, então sempre busco melhorar cada vez mais o acabamento. Às vezes, esculpir é até rápido, devido toda minha prática, mas o processo de lixar para deixar a peça uniforme e mais bonita é sempre demorado”, contou.


Com 68 anos, Valdelon sonha em poder compartilhar os saberes e fazeres de sua arte nas escolas de Alagoas, para que dessa maneira a forma de fazer as esculturas, que aprendeu com a família Marinheira, nunca seja perdida, assim, novos talentos sejam descobertos. 


“Tenho muita vontade em aplicar cursos nas escolas, ensinar a garotada a esculpir e ver eles gostarem do trabalho, seria incrível. Além disso, também sonho em fazer com esses jovens o replantio da matéria-prima utilizada, devolver para natureza as jaqueiras que derrubamos para fazer as artes”, revela.


As peças do artesão podem ser encontradas em sua residência, na cidade de Boca da Mata. Segundo Valdelon, quem passar pelo município pode perguntar aos populares onde é possível encontrá-lo. Faz parte da experiência.




*Sob supervisão da editoria da Revista Maré

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