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Lipedema: a condição que desafia dietas e exercícios

Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura em pernas e braços, doença crônica do tecido adiposo afeta até 12% das mulheres

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Imagem ilustrativa da imagem Lipedema: a condição que desafia dietas e exercícios
| Foto: — Foto: Arquivo Pessoal

Confundido com obesidade e celulite, o lipedema é uma doença inflamatória crônica do tecido adiposo, que causa acúmulo de gordura anormal em áreas do corpo como coxas, pernas, quadris e braços. Inchaços, dores, sensibilidade e hematomas são recorrentes, e em casos mais avançados pode até afetar a mobilidade. Por não ter cura e não responder a dietas e exercícios, o lipedema exige cuidados específicos para evitar complicações.

A causa da doença é desconhecida, mas há uma predisposição genética, sendo que cerca de 12% das mulheres sofrem com a doença. A condição surge, geralmente, em momentos como puberdade, gestação, menopausa e com o uso de anticoncepcional, quando acontece uma alteração hormonal no corpo da mulher e irregularidade da microcirculação do tecido gorduroso.

A angiologista Lídia Costa explica qual a principal diferença entre celulite e lipedema. “A celulite é uma condição mais estética do que funcional, já o lipedema pode comprometer a mobilidade e a qualidade de vida. A celulite é mais comum em quadris, coxas, glúteos e abdômen. Já o lipedema, em pernas e/ou braços, poupando mãos e pés”, diz.

A resistência à perda de gordura localizada, mesmo com dieta e exercício é um sinal da doença. Os sintomas mais comuns são: aumento de gordura, principalmente em pernas e braços, poupando mãos e pés, dor ao toque e sensação de peso e facilidade para hematomas espontâneos. O edema – acúmulo de líquido nos tecidos do corpo – e a dificuldade na mobilidade são comuns nos estágios mais avançados.

O diagnóstico é feito por um médico angiologista ou cirurgião vascular. Segundo a médica, o lipedema possui quatro estágios, baseados em mudanças visíveis e palpáveis na pele. O diagnóstico é feito pelo médico angiologista ou cirurgião vascular. No primeiro estágio, pele lisa, tecido subcutâneo amolecido, aumento de volume nos membros, sensibilidade aumentada ao toque e tendência a hematomas.

No segundo estágio, observa-se a pele com aspecto irregular (“casca de laranja”), nódulos de gordura palpáveis e edema mais evidente ao final do dia.

O terceiro estágio se caracteriza pelos grandes acúmulos de gordura, deformidades no contorno dos membros, pele endurecida, fibrose marcada. Pode haver dobras e sobrepeso localizado.

No lipedema tipo quatro, o mais grave, os pacientes apresentam o lipolinfedema (associação de lipedema com linfedema), com importante comprometimento funcional das pernas e braços e risco de infecções.

A fisioterapia linfática, o uso de meias de compressão específicas, controle do peso e atividade física regular para aliviar sobrecarga articular e metabólica, além de terapias para reduzir inflamação, como suplementação orientada, são algumas medidas conservadoras. Como o lipedema não tem cura, o tratamento visa evitar progressão e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Em casos de grau avançado, ou quando os sintomas persistem mesmo com tratamentos conservadores, é indicada a lipoaspiração específica para lipedema (lipoaspiração tumescente ou assistida por vibração/água). A cirurgia consiste na remoção do tecido adiposo alterado, para assim reduzir o risco de lipolinfedema e melhorar a mobilidade do paciente.

A médica destaca a importância do acompanhamento multidisciplinar para o controle do lipedema. “O lipedema é uma condição inflamatória e multifatorial. Com o angiologista ou cirurgião vascular, é feito o diagnóstico, acompanhamento e indicação cirúrgica se necessário. É essencial a presença de um nutricionista para o ajuste alimentar anti-inflamatório, controle de peso e redução de retenção hídrica.

Já o fisioterapeuta atua com drenagem linfática e exercícios funcionais e o educador físico oferece treinos adaptados, para evitar sobrecarga e ajudar na mobilidade. Além disso, é fundamental o apoio do psicólogo para lidar com dor crônica, autoestima e imagem corporal.

A estudante de psicologia, Larissa Emery, de 24 anos, tem lipedema e conta que os sinais apareceram ainda na adolescência. “Os principais sintomas que tive foi o inchaço e a grande quantidade de celulites que começaram a surgir, desde muito nova. Fui ao médico especialista e ele diagnosticou lipedema já de primeira”, relata.

Larissa diz que usa a meia de compreensão diariamente e fez algumas sessões de drenagem linfática em clínicas estéticas, no entanto não teve melhoras muito significativas. As sensibilidades, as dores e o cansaço nas pernas, assim como a sensação de queimação e inchaço são rotineiros. “Minha meta é fazer a lipo, alguns planos cobrem, mas o médico precisa solicitar e, normalmente, eles só pedem mudança do estilo de vida ou exercício físico, principalmente musculação, que ajuda muito, mas não sana o problema totalmente”.

Além dos desconfortos físicos, os problemas de autoestima são comuns dentre as diagnosticadas. “Em relação à autoestima, sempre me afetou muito. Sempre tive muita vergonha. Uso roupas que possam disfarçar o máximo, não uso roupa apertada, shorts ou roupas mais curtas”, desabafa Larissa.

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