HYPNOBIRTHING
O poder do parto consciente
Técnica que tem atraído cada vez mais adeptas prepara gestantes física, mental e emocionalmente para o momento da chegada do bebê


No universo do parto, um método vem ganhando cada vez mais espaço entre gestantes que buscam viver a experiência do nascimento de forma mais consciente e tranquila: o hypnobirthing. Criada pela hipnoterapeuta americana Marie Mongan, a técnica prepara a mãe de forma física, mental e emocional para o momento do parto, combinando respiração, relaxamento profundo e muitas informações sobre todo o processo, de forma que a mulher se sinta segura e preparada para esse momento único e especial.
Ao contrário do que o nome pode sugerir, o hypnobirthing não envolve “entrar em transe” ou perder o controle da situação. Trata-se de um treinamento mental e corporal que ajuda a gestante a permanecer centrada, compreendendo e acolhendo as sensações do parto. Por meio das técnicas de respiração, que ajuda a reduzir a dor e a ansiedade, a mulher aprende a criar um ambiente interno e externo propício para o nascimento.
Estudos e relatos de partos realizados com a técnica apontam benefícios como redução da percepção da dor e mais satisfação com a experiência de dar à luz. O hypnobirthing funciona como um recurso complementar, especialmente para a mulher que deseja ser a protagonista de todo o processo, compreendendo exatamente tudo o que está acontecendo.
Mais do que uma técnica, o hypnobirthing é visto por muitas mães como uma filosofia de nascimento: confiar no corpo, entender a fisiologia e ressignificar a forma como a sociedade encara o parto.

A psicóloga perinatal Joana Sepreny é, atualmente, a única profissional no Brasil a ofertar o curso de hypnobirthing. Ela conta que o objetivo da técnica é preparar a mulher, dando as ferramentas necessárias para ela utilizar na hora do trabalho de parto.
“A mulher se sente muito mais preparada e confiante, podendo relaxar durante esse processo, o que auxilia, muitas vezes, na dilatação, no tempo de trabalho de parto e na comunicação com a equipe, pois a mulher que está muito bem informada consegue conversar muito melhor, com mais embasamento com o médico dela. A técnica também previne que a mulher sofra uma violência obstétrica ou de passe por algum procedimento que ela não queria. Ainda sobre os benefícios, a mulher, com a respiração adequada, consegue controlar a ansiedade e a saída do bebê, tendo menos risco de laceração”, destaca a profissional.
O método também ajuda a reduzir dores e ansiedades no trabalho de parto. “Isso acontece porque, quando aprendemos a relaxar o nosso corpo, conseguimos reduzir as dores. Com a respiração, a gente consegue ficar mais no presente, mais concentrada. E quando ela está no presente, não está ansiosa, e isso ajuda muito no trabalho de parto”, completa Joana.

Com 24 semanas de gravidez, a jornalista e apresentadora Sofia Sepreny, de 31 anos, recorreu ao hypnobirthing na busca de informação e consciência corporal. Começou a fazer o curso com quatro meses de gestação e hoje já se sente mais auto confiante e em conexão com o próprio corpo.
“Eu sempre sonhei em ser mãe e em ter a experiência do parto normal. Como sei que é um processo que pode ser doloroso, busquei tudo o que estava ao meu alcance para me qualificar, estar ciente, conhecer meu corpo e fazer o que posso para minha filha vir ao mundo tranquilamente. Comecei com 4 meses, quando já estava imersa no mundo da gestação, aprendendo e vivendo isso dia após dia. Com o curso, fui entendendo todas as fases do processo, desde o dia a dia com meu marido, as dúvidas as serem tiradas com minha médica obstetra até a minha equipe de parto”, conta Sofia.
No curso de hypnobirthing do qual ela participou, as sessões aconteciam semanalmente, um total de cinco encontros de três horas cada. Ela destaca que o que mais chamou atenção durante o período de aprendizado foi entender o quanto a respiração e as técnicas de meditação ajudam a deixar a mulher em conexão com o próprio corpo, reduzindo, inclusive, as dores provenientes das contrações de treinamento, que começaram bem cedo na gestação de Sofia.
“Mesmo que a respiração e as técnicas de meditação para mim sejam mais difíceis, por eu ser bem inquieta, conseguem deixar a gente em um estado de conexão com o nosso corpo. Eu comecei a ter contrações de treinamento muito cedo. Em algumas situações, eram contrações acompanhadas de dores insuportáveis, incapacitantes. Depois de começar o curso e ter episódios como esse, coloquei em prática algumas respirações que aprendi e tem funcionado no controle da dor”, afirma.
Sofia relata que a técnica fez com que ela mudasse a própria percepção a respeito do parto. A expectativa, quando chegar a hora, é conseguir colocar em prática tudo o que aprendeu.
“Eu dizia que não queria ficar horas em trabalho de parto, sentindo dor, e que provavelmente teria um limite nessa quantidade de horas. Depois entendi que o trabalho de parto pode começar, mas não é todo o tempo que sentirei dor e incômodo, e que existem fases distintas. A minha expectativa é que ela [a bebê] venha com muita saúde e que eu consiga colocar em prática todas as respirações que aprendi, que eu consiga entender em que fase do parto meu corpo está e ajudar ele nesse processo, que é natural, mas que pode trazer muitas dores”, revela, destacando que todo o aprendizado é compartilhado com o companheiro dela, que chegou a participar de algumas sessões.

Diversas celebridades já fizeram o curso de hypnobirthing e colocaram em prática as técnicas de respiração na hora do parto, tais como Giovanna Ewbank, Fabiana Justus, Fernanda Paes Leme e Gabriela Pugliesi. Mais recentemente, a ex-BBB e influenciadora Carol Peixinho, que está grávida do cantor Thiaguinho, revelou que tem recorrido à técnica em busca de um parto mais leve e consciente.
Em entrevista recente, ela revelou que os encontros com Joana têm tido um impacto positivo em seu bem-estar físico e emocional. “A cada encontro, meu corpo entende, minha mente acalma, meu coração confia. Esse curso está sendo muito incrível para mim”, afirmou a influenciadora.

Joana destaca que não há contraindicação para a prática e que qualquer mulher, independentemente da via de parto que deseje, pode fazer o curso e aplicá-lo no momento da chegada do bebê. A recomendação é que as mães iniciem no hypnobirthing a partir das 12 semanas de gestação, pois é quando já começam a se sentir mais seguras com a gravidez e com as mudanças trazidas por ela.
“Atualmente, eu só ministro o curso de forma online. Se for um atendimento individual, a sessão dura cerca de uma hora e meia. Para os atendimentos em grupo, o tempo de duração é de três horas. É uma técnica que vai deixar a mulher informada e relaxada. A respiração vai deixar a mãe menos ansiosa, mais tranquila e mais conectada”, pontua Joana.

A especialista diz que as gestantes brasileiras ainda conhecem pouco sobre a técnica, mas que nos Estados Unidos e na Europa ela é bastante difundida. No Brasil, ela ressalta que ainda é preciso desfazer alguns mitos que giram em torno do hypnobirthing, especialmente o que está ligado à questão da hipnose.
“Existe um mito também em relação à hipnose, pois com esse relaxamento profundo da gestante que eu falo a mulher consegue entrar numa sensação de hipnose, então, as pessoas imaginam que a mulher vai para um outro estado, que vai para um outro lugar. E, na verdade, ela só vai para um relaxamento profundo. Todo mundo é capaz de fazer esse relaxamento se praticar, se estiver disposto a isso”, pontua.
Como resultado desse trabalho preparatório para o parto, os relatos recebidos por Joana são os mais bonitos e falam de uma experiência feliz, alegre e suave, na qual a mãe sabe tudo o que está acontecendo e consegue se entregar verdadeiramente para o parto.
Para Sofia, que aguarda a chegada de Serena, a palavra-chave que definiria o curso é conexão, com o corpo, com a bebê e com todas as coisas trazidas pela gestação. “O maternar parece ser algo instintivo, mas, na realidade, não é bem assim, pelo menos não para mim, que tenho aprendido tanto na gravidez, desde o dia que descobri. Assim como a gestação, o curso me fez desacelerar um pouco, me voltar mais para minha filha, entender os sinais, que ela e que meu corpo dão, entender que nem sempre o que eu espero ou que programo é o que vai acontecer”, conclui.