Sem-terra peregrina em SP pedindo ajuda a Lula
São Paulo Com uma pastinha verde sob o braço, o sem-terra Ivanir Queiroz de Mendonça Filho saiu de casa na cidade de Apuí, no Amazonas, há uma semana rumo a São Paulo com uma dura missão: entregar, pessoalmente, as reivindicações do assentamento onde vi
Por | Edição do dia 10/11/2002 - Matéria atualizada em 10/11/2002 às 00h00
São Paulo Com uma pastinha verde sob o braço, o sem-terra Ivanir Queiroz de Mendonça Filho saiu de casa na cidade de Apuí, no Amazonas, há uma semana rumo a São Paulo com uma dura missão: entregar, pessoalmente, as reivindicações do assentamento onde vive, o Juma e Acari. à beira da Transamazônica, ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o assentamento, que não é ligado ao Movimento dos Sem-Terra (MST), é o maior da América Latina com 36 mil famílias. Na pasta, Ivanir afirma ter documentos que comprovam irregularidades na administração do Incra no Juma e Acari. Há pessoas mortas ainda constando entre os assentados que recebem dinheiro do governo, disse. Além disso, já houve casos denunciados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de tortura e assassinato de líderes sem-terra por policiais. Precisamos que o Lula nos ajude a moralizar o assentamento. Ivanir mostra também fotos do assentamento, retratos de crianças doentes e postos de saúde sem medicamentos. Segundo ele, Apuí tem um dos maiores índices de malária do País. Há três cemitérios mas nenhum hospital, contou o sem-terra. Sexta-feira, no início da noite, na porta da casa de Lula, Ivanir conseguiu lhe entregar uma carta da comunidade. Fizemos uma vaquinha para pedir a ajuda do senhor, diz a carta. Ivanir seguiu para o Comitê na esperança de reunir-se com o presidente eleito mas não teve sucesso. Foifoi atendido por dois assessores. Mas o sem-terra permanece esperançoso. Não vim de tão longe para desistir. Tenho certeza que o Lula vai nos ajudar.