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Brasil n�o tem como pagar d�vida de US$ 200 milh�es

Brasília - O Brasil precisa pagar perto de US$ 200 milhões, neste ano, para organismos multilaterais dos quais participa, mas a verba orçamentária do Itamaraty para isso é pouco mais que 10% desse total e não há perspectiva de solução para esse vexame internacional. A dívida acumulada há anos está entre US$ 130 milhões e US$ 140 milhões, e a ela se somam US$ 55 milhões a serem pagos pela participação nos organismos durante o próprio ano de 2003. Entretanto, o orçamento específico para isso é de apenas R$ 70,8 milhões (ou US$ 23,6 milhões, com o dólar cotado a R$ 3). Mesmo o orçamento original ? de R$ 80 milhões, calculados ainda ao dólar a R$ 2,43, do ano passado ?, seria absolutamente insuficiente para quitar dívidas acumuladas e mesmo para pagar o débito normal deste ano. Além disso, houve corte de 11,5%, sobrando apenas R$ 70,8 milhões. Com isso, o Brasil está sendo ameaçado em diferentes organismos internacionais e já sendo punido em alguns. Exemplo: como deve em torno de US$ 16 milhões para a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), já perdeu o direito a voto e corre o risco de perder até o direito a voz, se não renegociar a dívida até agosto. Outros exemplos de dívidas junto a organismos que discutem temas e programas multilaterais são: US$ 10 milhões para a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e US$ 5 milhões para a Convenção para a Proscrição Total de Testes Nucleares. Esses dois organismos têm uma agenda que interessa diretamente ao Ministério de Ciência e Tecnologia, entre outros, mas a responsabilidade de quitar a dívida do País com organismos internacionais é do Itamaraty. ?A inadimplência atinge todas as áreas. O governo passado fazia um discurso multilateralista, mas na prática não cumpria as obrigações?, acusou o ministro de Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. Segundo ele, a situação é ?constrangedora?. Na opinião de Amaral, o aperto financeiro generalizado na administração e as dificuldades diretas do Brasil não justificam a inadimplência com essas organizações mundiais, porque elas são fundamentais para o futuro do País. ?É importantíssimo participar delas, pela nossa tradição de integrar organismos multilaterais e de cooperação e porque isso reverte em benefício para a nossa própria população. Somos um país emergente, industrializado e em processo de crescimento industrial?, disse. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já reclamou mais verbas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para a área econômica, mas até agora não obteve resposta. Ele alegou não apenas a inadimplência junto a organismos internacionais, mas também a própria manutenção de embaixadas e até pagamento de auxílio-moradia para diplomatas e funcionários no exterior. Em alguns casos, esse auxílio pode chegar a 100% do aluguel de suas casas temporárias.