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Lula: Elite não vai baixar minha cabeça

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JANAINA LAGE Folha Online O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não existe brasileiro capaz de lhe dar lições de ética e moral. A afirmação foi feita durante discurso na cerimônia de posse do novo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Quero dizer para vocês, meus companheiros, que nesse País de 180 milhões de habitantes pode ter igual, mas não tem mulher nem homem que tenha coragem de me dar lição de ética, de moral e de honestidade. Nesse País, está para nascer alguém que venha querer me dar lição de ética, afirmou. Não é a primeira vez que o presidente defende publicamente a ética de suas atitudes. Em meio à crise política que tomou conta do País, a defesa se tornou recorrente. No final do mês passado, durante a cerimônia de abertura do Congresso Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária em Luziânia (GO), o presidente afirmou que ninguém neste País tem mais autoridade moral e ética do que eu para fazer o que precisa ser feito nesse País. O presidente Lula destacou a fragilidade do cargo, que não tem direito a imunidade e falou que normalmente é instado a ficar quieto e a não se alterar. O presidente é a única instituição que não tem imunidade. Qualquer um de vocês pode abrir um processo contra mim. Contra deputado não pode, contra senador não pode, disse. Elites As elites brasileiras voltaram a ser alvo de críticas do presidente. Ele lembrou sua origem humilde e prometeu não se abater com o cenário político conturbado. Sou filho de pai e mãe analfabetos. O único legado que eles deixaram, não apenas para mim, mas para a família, é que andar de cabeça erguida é a coisa mais importante que pode acontecer com um homem e uma mulher. Conquistei o direito de andar de cabeça erguida nesse País e não vai ser a elite brasileira que vai fazer eu baixar minha cabeça, afirmou. O discurso contra as elites ganhou aplausos da platéia formada por petroleiros funcionários da Petrobras. Antes da cerimônia, Lula visitou as obras da nova Unidade de Coqueamento da Reduc (Refinaria Duque de Caxias) e almoçou com os trabalhadores. Antes do discurso, ele recebeu o presidente do sindicato dos petroleiros de Duque de Caxias, recebeu presentes e autografou o macacão dos funcionários. Protesto A contestação se resumiu a um protesto na porta da refinaria com representantes de diferentes sindicatos que protestaram contra a reforma sindical e trabalhista. A adesão, no entanto, foi baixa. O protesto contava com menos de 40 pessoas. Corrupção O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou em discurso que o problema do País não é o aumento da corrupção e sim a maior intensidade no combate aos corruptos. Tenho a exata noção de que temos que ter muita serenidade, não deixar escapar nenhuma denúncia. Em apenas 30 meses, a PF sob o comando de Márcio Thomaz Bastos, já prendeu mais corruptos neste País do que nos últimos vinte anos de outros governos, disse. Também ontem, na inauguração do Complexo Tecnológico de Medicamentos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, Lula disse que o povo brasileiro não pode ser vítima da pequenez da política. Não podemos perder de vista que nenhum embate político, por mais necessário que seja e por mais significativo que seja não pode permitir que o povo brasileiro seja vítima muitas vezes da pequenez política, da pequenez dos debates que nem sempre conduzem esse povo a um futuro melhor, afirmou o presidente. ### Delcídio nega elo entre saque e eleição O senador Delcídio Amaral (PT-MS) voltou a negar ontem qualquer relação entre o trabalho do antropólogo Roberto Costa Pinho em sua campanha eleitoral e a retirada de dinheiro na SMP&B. O antropólogo fez saques de R$ 350 mil da conta da SMP&B, empresa que tem como sócio Marcos Valério Fernandes de Souza. As retiradas de dinheiro no Banco Rural ocorreram de setembro a dezembro de 2003, quando Pinho ainda era funcionário do Ministério da Cultura. O antropólogo deixou o cargo de secretário de Desenvolvimento de Programas e Projetos Culturais em fevereiro do ano passado. Em 2002, Pinho foi coordenador de marketing da campanha de Delcídio Amaral no Mato Grosso do Sul. Delcídio preside a CPI dos Correios, que investiga Marcos Valério, acusado de operar o mensalão e repassar dinheiro a um caixa dois do PT. O Ministério da Cultura informou que não vai comentar os saques por considerá-lo uma ação particular de seu ex-secretário. Pinho não foi localizado. A reportagem apurou que ele argumenta ter recebido o dinheiro, por meio da SMP&B, pelo serviço de consultor de planejamento estratégico prestado ao PT nacional. Segundo Delcídio, o antropólogo trabalhou em sua campanha eleitoral por apenas 45 dias e saiu após um desentendimento entre eles. O senador confirmou que fora avalista de Pinho no contrato de aluguel de uma casa em Campo Grande (MS) na época da campanha. Disse que o aval era necessário para a permanência do ex-assessor com a família. Na Justiça de Campo Grande, Pinho entrou com uma ação contra o proprietário da casa para receber R$ 3.000 dado como caução no aluguel do imóvel. O advogado dele é o mesmo de Delcídio. No processo que ainda tramita no Tribunal de Justiça, o senador apresentou declaração atestando que adiantou R$ 21 mil para Pinho pagar aluguel. Em declaração dada à Justiça, Delcídio informou que o contrato de trabalho com Pinho terminou em setembro de 2002 e começou em maio daquele ano. O senador disse que, depois [de dispensar o antropólogo da campanha], eu nunca mais tive a oportunidade de trabalhar com ele. Ele trabalhou com o ministro Gilberto Gil (Cultura), de quem é compadre. Mãos abanando O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), saíram de mãos abanando de um encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, ontem pela manhã. Eles queriam uma cópia da lista das 129 pessoas que sacaram dinheiro da conta do publicitário Marcos Valério no Banco Rural, mas não obtiveram. O documento integra um inquérito sobre o mensalão que tramitava na Justiça Federal de Minas Gerais, mas deverá ser transferido para o STF. Jobim argumentou que esteve com os autos do inquérito nesta semana, mas encaminhou o material para o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Os documentos deverão retornar em breve para o STF. Mesmo assim, Jobim não prometeu fornecer uma cópia aos membros da CPI. Disse que analisaria as recomendações do procurador-geral antes de tomar qualquer atitude. Os parlamentares também foram reclamar ao ministro dos recentes habeas-corpus concedidos pelo tribunal beneficiando os depoentes da CPI. O STF tem concedido aos investigados convocados a prestar declarações o direito de permanecerem calados diante das perguntas feitas pelos integrantes da CPI. Jobim argumentou que esse é um direito constitucional, e que avaliará caso a caso os pedidos feitos pelos interrogados.

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