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Aldo pressiona por reforma eleitoral

| Ranier Bragon, Adriano Ceolin e Chico de Gois Folhapress Brasília - A votação da reforma eleitoral elaborada por partidos políticos como resposta à crise do mensalão naufragou ontem e dificilmente acontecerá a tempo de as mudanças terem efeito nas eleições do ano que vem. O novo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), tentou patrocinar a votação como seu primeiro ato no comando da Casa, mas a tensa reunião que realizou com líderes partidários terminou em impasse. Horas depois de uma das mais acirradas disputas pela presidência da Câmara, Aldo reuniu os líderes para tentar alinhavar o acordo, mas o clima de disputa ainda estava presente. O único consenso foi o de que na próxima terça-feira haverá nova discussão sobre quais pontos das reformas eleitoral e política podem ser aprovados ainda neste ano. O próprio Aldo deu a entender que as mudanças que por ventura ocorram podem ser feitas para valer apenas nas eleições de 2008. Os líderes vão consultar uns aos outros no fim de semana para na terça dizer o que é possível ser votado ainda este ano, o que não significa que é para vigorar nas próximas eleições, afirmou. PEC A Constituição determina que mudanças na legislação eleitoral devem ser feitas um ano antes do pleito. Ou seja, vence hoje o prazo para que alterações feitas valham nas eleições de outubro de 2006. Há uma articulação em curso para a aprovação de uma emenda à Constituição que prorrogue o prazo para 31 de dezembro. A reforma eleitoral tem o objetivo de baratear os custos de campanha com medidas como a proibição de showmícios e de megaproduções nos programas de TV. ### Deputados trocam farpas na primeira reunião com Aldo Na primeira reunião do novo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP) com os líderes partidários afloraram várias divergências que refletem o clima acirrado da disputa de anteontem, quando o comunista bateu o pefelista José Thomaz Nonô (AL). O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), criticou o fato de o líder do PSDB, Alberto Goldman (PSDB-SP), ter dito que a vitória de Aldo foi a vitória do mensalão. pagando a fatura Já o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), afirmou que Aldo estava pagando a fatura aos pequenos partidos ao sinalizar que apoiará a amenização da chamada cláusula de barreira, outro dos pontos da reforma política. A cláusula determina que os partidos atinjam um número mínimo de votos no País em 2006, caso contrário perdem direito a mecanismos fundamentais à sua existência, como tempo em rádio e TV e acesso à divisão da maior parte do Fundo Partidário, maior fonte de recursos das legendas. O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), foi duro. O governo que use a maioria que conseguiu ontem (quarta) para votar seus projetos, disse. Maia afirmou que aceita discutir uma pauta de consenso, mas que quer ver incluídos alguns temas de interesse de seu partido, entre eles a autonomia do Banco Central, proposta rechaçada pela esquerda. Apesar disso, Aldo não descartou a aprovação. Se os demais líderes forem convencidos da importância desse tema e de outros, eu tenho compromisso de ter isenção e de fazer valer os interesses da maioria, afirmou. O novo presidente da Câmara encontrou-se ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim. Ele disse que não tratou da agenda de interesse dos Poderes e que o que ocorreu foram apenas encontros protocolares. ### Jogo na Câmara foi muito duro, diz presidente Lula O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em duas rápidas entrevistas, que a eleição para a presidência da Câmara foi difícil, um jogo muito duro, mas a Casa mostrou saber escolher. Afirmou ainda que a oposição jogou o que tinha que jogar e criticou governadores por liberarem secretários para reassumir a vaga de deputado para votar em outros candidatos. Sorridente e bem-humorado, Lula elogiou o presidente eleito da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), que é qualificado e tem autoridade política e moral para dirigir a Casa. Acho que o Aldo representa neste momento muita serenidade, muita maturidade e respeitabilidade para a Casa. Empenhado pessoalmente na candidatura e vitória de Aldo, Lula recebeu o novo presidente da Casa pela manhã no Planalto e marcou uma reunião de trabalho para a próxima terça-feira, quando também participará o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Quando questionado se a eleição de Aldo Rebelo daria um novo fôlego ao governo, Lula respondeu: A eleição deu o que tinha que dar. A disputa foi apertada, mas é importante lembrar que já teve presidente eleito com um voto de diferença, sem citar nome. Se referia à eleição do deputado Michel Temer (PMDB-SP) para a presidência da Câmara, em 1997, no primeiro turno. severino Um dia depois de ajudar o governo vencer a eleição para a presidência da Câmara, o ex-presidente da Casa Severino Cavalcanti (PP-PE) exaltou seu papel na vitória de Aldo. Eu fiz um trabalho insano, telefonando para todos os deputados, disse o ex-deputado. Procurei influenciar a todos para votar no Aldo.