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Oposição reage com cautela à denúncia

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| Folhapress Brasília Diferentemente do que havia sinalizado no fim de semana, a oposição reagiu ontem com cautela à denúncia de que a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido dinheiro de Cuba, descartando pedido de impeachment imediato e, mais uma vez, evitando a convocação do ministro Antonio Palocci (Fazenda) pelas CPIs em curso. A providência tomada foi protocolar requerimentos na CPI dos Bingos para a convocação de Rogério Buratti e Éder Eustáquio Soares Macedo, citados em reportagem da revista Veja como envolvidos na suposta remessa de dinheiro de Cuba ao PT. Já estava marcado para a próxima terça-feira o depoimento de Vladimir Poleto, ex-assessor de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto, que teria confirmado a história. A CPI dos Bingos investiga as denúncias de irregularidades na Prefeitura de Ribeirão Preto quando era ocupada por Palocci. Seguindo a linha mais cuidadosa, a oposição também decidiu aguardar os depoimentos na CPI para fazer eventual representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o PT por ter recebido, supostamente, doação de recursos de outro país. A pena prevista seria a cassação do registro do partido, mas o suposto crime eleitoral já prescreveu. Na medida em que isso for comprovado é insofismável [incontestável] para a perda do mandato [de Lula], mas ainda é preciso reunir provas, disse o líder do PFL, senador José Agripino (RN). É preciso cautela porque essa é uma denúncia muito grave, não posso ser leviano, afirmou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumirá a presidência do partido no próximo dia 18. Até o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que tem adotado um tom mais agressivo, não defendeu o afastamento do presidente da República. Impeachment demora um ano ou mais, é o tempo que ele tem para terminar o mandato, e também é um remédio constitucional extremo. O governo dele está tão desmoralizado que não precisa de impeachment, o presidente Lula ficará inelegível, disse o líder tucano. O senador tucano, porém, sinalizou que pode tentar complicar a vida de Palocci. Estamos na antevéspera do limite em relação ao ministro Palocci. De novo há pessoas da confiança dele envolvidas em denúncias, disse. A estratégia da oposição de ouvir Buratti sobre o suposto envio de dinheiro de Cuba ao PT na CPI dos Bingos pode, porém, esbarrar na resistência do relator da comissão. O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) reluta em aceitar a idéia de que a comissão deva capitanear a apuração das denúncias. Ele defende que o caso seja investigado pela CPI dos Correios porque, segundo ele, se trata da origem de recursos de caixa dois. O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) afirmou que pedirá, na CPI dos Correios, a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico dos citados no caso, além de solicitar ao Departamento de Aviação Civil os planos de vôo da aeronave que teria transportado o dinheiro. ### Parlamentares do PT unificam discurso Orientado pelo Palácio do Planalto, o PT reagiu ontem com um discurso orquestrado na Câmara e no Senado para tentar rebater rápido as denúncias de repasse financeiro de Cuba para a campanha que elegeu o presidente Lula. Durante todo o dia, deputados e senadores do partido se revezaram nas tribunas, empunhando exemplares da revista Veja, para repetir o mesmo discurso: a denúncia é fantasiosa e frágil, e o PT processará a revista, acusada de estar a serviço dos partidos de oposição. O partido caracteriza essa revista como um instrumento da oposição partidária no País. Sistematicamente ela vem produzindo reportagens com o único objetivo de tentar esquentar as CPIs. Vamos processar a revista pela maneira como tem agido em relação ao PT, tentando atacar a imagem do partido, disse o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). A defesa petista foi articulada pelo coordenador político do governo, Jaques Wagner, que, segundo os parlamentares da sigla, orientou as bancadas a reagirem duro para não permitir que a oposição alardeasse as denúncias. Na avaliação do ministro, a denúncia não tem consistência e está centrada em uma pessoa que já morreu, no caso, Ralf Barquete, ex-assessor do ministro Antonio Palocci (Fazenda) durante sua gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Na tribuna, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), travou embate com lideranças dos partidos de oposição. A oposição terá oportunidade de fazer o debate, como teremos. Terá oportunidade de fazer a disputa política eleitoral, e estamos preparados para ela, o que não podemos concordar é fazer da reportagem o centro da vida nacional, disse. Chinaglia afirmou ainda que a revista deverá apresentar provas e que quem afirmou, em qualquer momento, vai ter que responder. Para que façamos a investigação, é preciso que haja alguma credibilidade na matéria. Vou dizer aquilo que não é da minha competência: sou líder do governo, ainda que deputado pelo PT, e o PT vai processar a Veja, disse. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que, mesmo que seja comprovado o recebimento de dinheiro de Cuba, o crime já teria prescrito. O clima está muito tenso. Se o Congresso for ampliar a delegacia de polícia, tem matéria-prima para todos os gostos e todos os lados, disse a senadora. Para o senador Tião Viana (PT-AC), que é vice-líder do governo, a acusação é absurda e fantasiosa. Essa denúncia é tão absurda que só quem não conhece Cuba e Fidel Castro pode ter essas fantasias, disse ele. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), esquivou-se de comentar o assunto e disse que cabia a quem foi atingido fazer a defesa. Não conversei com o presidente. Não achei que fosse o caso conversar. As denúncias podem ser esclarecidas por quem foi atingido por elas. A denúncia Segundo reportagem da revista Veja, o comitê eleitoral de Lula teria recebido U$ 3 milhões ou U$ 1,4 milhão, variando de acordo com a suposta testemunha, vindos de Cuba, entre agosto e setembro de 2002. Em Brasília, o dinheiro teria ficado sob os cuidados do diplomata cubano Sérgio Cervantes, que está sendo convidado pela oposição a comparecer na CPI. O dinheiro teria sido levado para Campinas em três caixas de bebida por Poleto. Na cidade, a encomenda teria sido pega por Ralf Barquete, também ex-auxiliar de Palocci, que morreu de câncer em 2004. ### Virgílio diz que dá surra até em Lula Alterado, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), prometeu ontem dar uma surra no presidente Luiz Inácio Lula da Silva se alguma coisa acontecer com sua família, que estaria sendo ameaçada por um policial supostamente contratado para levantar informações contra ele em Manaus. Se ameaçarem um filho meu, dou uma surra no próprio Lula. Sou de escorpião. Jamais desonraria o meu signo. Sou inesquecível como inimigo, disse ele. Vou descobrir quem é o vagabundo que contrataram lá em Manaus e vou dar uma surra nele pessoalmente, afirmou o tucano. O policial teria procurado um integrante da Força Sindical chamado Gilmar Reis Barbosa e oferecido R$ 100 mil por qualquer informação que denegrisse a imagem de Virgílio. O caso teria sido relatado ao senador pelo deputado Pauderney Avelino (PFL-AM). Mexer comigo, com a minha família, é como passar a mão no bumbum da mulher do Mike Tyson num bar. A reação será a mesma, disse ele, arrancando risos dos senadores José Sarney (PMDB-AP), Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Rodolpho Tourinho (PFL-BA). Proteção O líder do PSDB pediu proteção policial para sua família e acusou o ministro Marcio Thomaz Bastos (Justiça) de não levar a sério seus requerimentos, como o pedido de proteção aos irmãos do prefeito assassinado de Santo André (SP), Celso Daniel, e a testemunhas do caso. Daqui a pouco vai aparecer uma testemunha do caso Santo André que cometeu suicídio com um tiro na nuca ou então que se enforcou com as próprias mãos, ironizou Virgílio, em referência às sucessivas mortes de testemunhas do caso. Ele discutiu com a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que presidia a sessão. Primeiro ele reclamou que ela não estava lhe dando atenção. A senadora respondeu que estava ouvindo e que encaminharia o pedido ao Ministério da Justiça. Eu quero que a senhora faça isso, mas sem muxoxo, disse ele, com dedo em riste. Eu não sei o que é muxoxo, rebateu Serys. O líder tucano começou então a imitá-la no microfone, de pé no meio do plenário. ### Promotoria tem novo indício de fraude Documentos em poder do Ministério Público trazem novos indícios de que a segunda gestão petista na Prefeitura de Ribeirão Preto (2001-2004) manteve uma contabilidade paralela que pode ter ajudado a engordar o caixa dois do partido em 2002. Os papéis, anexados ao inquérito da Promotoria para apurar o caso, revelam movimentações financeiras entre a prefeitura e empresas que não passaram pela contabilidade oficial para o pagamento de serviços - que, segundo a atual administração tucana da cidade, não foram realizados. Os documentos da contabilidade paralela reforçam a tese de que empreiteiras laranjas recebiam da prefeitura e depositavam o dinheiro em outras contas ou repassavam os valores a terceiros, ficando com uma parte a título de comissionamento. O ministro da Fazenda Antonio Palocci administrou a cidade entre 2001 e 2002. Deixou o cargo e foi substituído pelo vice, Gilberto Maggioni, que ficou até 2004. A suspeita do Ministério Público é que o suposto esquema de caixa 2 na cidade paulista tenha sido exportado para a campanha vitoriosa do petista, da qual Palocci foi coordenador, e drenado recursos da cidade. No cerne das investigações dos promotores estão dois projetos: Vale dos Rios e Fábricas de Equipamentos Sociais, que consumiram quase R$ 10 milhões em 2002 sem terem sido concluídos. O Tribunal de Contas do Estado deu parecer desfavorável ao primeiro. O segundo ainda não teve as contas analisadas. Entre os documentos, há notas fiscais seqüenciadas no valor total de R$ 47 mil, emitidas em cinco datas ao longo de apenas três meses e uma espécie de planilha de contabilidade paralela. Há ainda um depoimento à Justiça do Trabalho segundo o qual uma das empresas não tinha poder sequer de contratar funcionários, servindo apenas para movimentar recursos financeiros. Por meio deles, é possível comprovar a relação entre a administração municipal com uma empreiteira que, segundo a atual direção da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp), empresa controlada pelo município e responsável pelas obras, não consta na contabilidade oficial dos projetos. Em junho de 2002, o empresário Vicente Muñoz Dias enviou à Coderp uma planilha na qual listou pagamentos feitos a ele, em dinheiro, por Augusto Pereira Filho, superintendente do órgão até abril daquele ano. Os pagamentos em espécie somam R$ 10.400, entregues, segundo a planilha, por Pereira Filho. Pelos registros a Coderp não teve qualquer relacionamento com a Muñoz, diz Ruy Salgado Ribeiro, atual diretor da empresa e presidente do PSDB de Ribeirão. A prefeitura não pode fazer pagamentos em espécie e muito menos sem registros contábeis, completa o vereador tucano Nicanor Lopes, autor da representação ao Ministério Público.

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