Nacional
Lula pede juízo a seus opositores

| Eduardo Scolese Folhapress Arneiroz, CE - Dizendo que nunca atacou nenhum adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem juízo daqueles que, segundo ele, exageram ao provocar o acirramento das disputas políticas diante da crise política iniciada sete meses atrás. De acordo com o presidente, o País precisa de tranqüilidade neste momento para que a economia continue crescendo nos próximos anos. O presidente também afirmou que os críticos de seu governo são aves de mau agouro. Lula, que participou da cerimônia de assinatura do projeto de construção da ferrovia Transnordestina, afirmou ainda que quer fazer muito mais pelo Brasil, mas também temos aqueles que não querem que as coisas dêem certo. Lula disse que nunca atacou nem adversário. Eu nunca ataquei ninguém, eu nunca ataquei ninguém. Eu acho que quem está exagerando sabe que está exagerando. E as pessoas que quiserem brigar que briguem, afirmou o presidente, depois de ter sido questionado se, no atual momento, é necessário uma diminuição na troca de ataques entre base aliada e oposição. Cercado por seguranças, separados dos jornalistas por uma grade e com a roupa ensopada por conta do calor de cerca de 35º C, Lula disse que o País precisa de tranqüilidade neste momento. Agora as pessoas têm de saber que o povo brasileiro, neste momento, precisa de tranqüilidade porque o País está crescendo. Ao final, questionado se tal afirmação se tratava de um pedido de trégua, o presidente disse: Eu só peço juízo às pessoas. Na início da semana, Lula já havia conversado com a oposição sobre a dureza dos ataques tanto do governo e da base aliada como de tucanos e pefelistas. No Planalto, fechou com o governador Aécio Neves (PSDB-MG) uma espécie de pacto no sentido de evitar a antecipação do processo eleitoral no País. No momento, Lula diz que ainda não definiu por sua candidatura à reeleição. Ontem, em fala de improviso o presidente voltou a tratar do tema. Trocou elogios com o governador tucano Lúcio Alcântara (CE) e afirmou que este é o momento de pensar no Brasil, independente, segundo ele, do partido de governadores e prefeitos. E comparou o momento político com uma partida de futebol. A hora da disputa é a hora da eleição. Isso é como jogo de futebol, vale empurrar, vale falta, vale tudo. Acabou o jogo, a gente volta a ser amigo e vamos pensar no País, declarou, arrancando aplausos dos cerca de 1.500 presentes ao evento. ### Presidente diz que fará transposição FOLHAPRESS Ceará Também na entrevista, de cerca de cinco minutos, o presidente Lula afirmou que o governo federal decidiu fazer as obras de transposição do rio São Francisco. No momento, por conta de uma liminar na Justiça Federal da Bahia, as obras estão embargadas. Além disso, há um agravante político: o Planalto prometeu retomar os debates sobre o projeto para que o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, interrompesse uma greve de fome de dez dias. Ontem, diante de uma população favorável à transposição, Lula disse que a decisão de realizar as obras já está tomada. Em vez de ficar nervosos com a divergência, vamos debater. Vão ter muitos recursos na Justiça, vai ter ganho, vai ter perda, mas nós vamos fazer. O povo do Brasil precisa disso. Nós temos a decisão de fazer, e nós vamos fazer. É uma decisão do governo, e vamos fazer. O presidente também defendeu que a União priorize as regiões mais pobres na hora de fazer investimentos e disse que isso só não acontece por causa da mediocridade política do Brasil. Nesta semana, Lula chegou a admitir, em uma entrevista a emissoras de rádio, que já era candidato à reeleição, mas logo em seguida negou e disse que cometera um lapso. Ontem em seu discurso improvisado ele usou uma metáfora ao falar na hipótese de não continuar no governo. Quando a gente planta uma árvore, necessariamente não temos que chupar o fruto daquela árvore. Outros que virão depois.