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Anistia denuncia violência policial

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Rio de Janeiro e São Paulo - A Anistia Internacional lançou na sexta-feira passada o relatório Eles Entram Atirando - Policiamento de Comunidades Socialmente Excluídas no Brasil, que denuncia as violações dos direitos humanos cometidas pelos policiais no País e faz recomendações para combatê-las. Em sua conclusão, o documento afirma: Sucessivos governos traíram a população socialmente excluída do Brasil. Ao fracassar constantemente em tratar dos profundos problemas da área de segurança pública e proteger os direitos fundamentais da população, eles condenaram milhões de pessoas a décadas de violência. Relatos O documento traz casos relatados aos observadores da Anistia Internacional por parentes de vítimas executadas por policiais nas periferias e favelas de São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo o pesquisador Tim Cahill, o que se tem observado nos últimos anos é a discriminação específica contra as comunidades mais carentes e o aumento da exclusão social por falta de um conceito de segurança pública amplo. ### Pobre vive encurralado entre criminosos e polícia O Relatório da Anistia Internacional afirma que os moradores de favelas e de áreas pobres das grandes cidades brasileiras vivem encurralados entre grupos criminosos e uma polícia violenta - que fracassa em protegê-los. Num processo que a entidade chama de criminalização da pobreza, esses cidadãos são excluídos dos planos de segurança pública pelos governantes. Vivem no vácuo da proteção legal, sofrendo violências das facções criminosas e da própria polícia. Para Tim Cahill, coordenador do estudo, o caso do ônibus da linha 350, no Rio de Janeiro, incendiado por traficantes que reagiram à morte de um de seus comparsas após confronto com a PM, é um bom exemplo do círculo vicioso da violência. A polícia costuma agir episodicamente e de forma repressiva, usando a força armada para dar uma resposta visível à sociedade, sedenta por vingança. Mas essas invasões têm efeito prático de curto prazo, pois logo depois o problema retorna. É no vácuo da polícia, ausente no dia-a-dia da favela, que o traficante se sente no direito de fazer justiça com as própria mãos, como no caso do ônibus, diz Cahill, pesquisador permanente da Anistia, uma das ONGs de direitos humanos mais renomadas do mundo. Intitulado Eles entram atirando - policiamento de comunidades socialmente excluídas, o trabalho enfoca a violência sofrida na própria comunidade, principalmente a gerada pelas ações policiais. Há diversos relatos de pessoas agredidas, presas arbitrariamente e até mesmo assassinadas. ### Vítimas relatam cenas de terror e violência em SP Um dos casos ocorreu em 28 de agosto deste ano, quando a polícia paulista invadiu o Jardim Elba, uma favela na zona leste de São Paulo, com helicópteros e cavalos. Há duas visões para o que aconteceu lá naquela madrugada. Para a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, foi a chamada operação Saturação, que tinha dois objetivos: reprimir o tráfico de drogas na região e aproximar a comunidade da polícia. Já para a vendedora C., 50, e outros onze moradores que formalizaram queixa à Corregedoria da PM paulista, a operação se transformou numa seqüência de abusos, agressões e roubos. Os policiais entraram que nem o capeta na favela. Quebraram tudo na minha casa, até a televisão, diz. Ela conta que um dos tenentes ainda cuspiu no seu rosto e a chamou de macaca fedorenta, antes de levar seu filho preso por supostamente fazer parte de uma quadrilha de traficantes - ele ficou detido por dois meses em uma cadeia de Santo André. As famílias se sentiram torturadas, diz Elizabete Silvério, coordenadora do Centro de Direitos Humanos do Sapopemba. Karina Sposato, diretora-executiva do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente, diz que o relatório da Anistia toca no cerne do problema. A polícia brasileira prefere comprar viaturas e fazer invasões a favelas. Ações preventivas, como o policiamento comunitário, ficam em segundo plano. O secretário nacional da Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, afirma que o governo federal está tentando virar o jogo. Historicamente, a polícia brasileira adota uma prática baseada somente na repressão. O que temos buscado é o equilíbrio entre a repressão qualificada e a prevenção que envolva ativamente o cidadão, afirmou.

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