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Renan: Economia suporta até R$ 360

| AGÊNCIA SENADO Brasília Em entrevista coletiva concedida ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu a criação de uma política permanente para os reajustes do salário mínimo, que recomponha o poder de compra e que seja implementada com a isenção dos produtos que compõem a cesta básica. Eu entendo que precisamos ter o maior salário [mínimo] que a economia puder pagar. Não vejo dificuldade em termos um mínimo de R$ 350 ou R$ 360, pois a economia pode pagar esse salário, afirmou. Para Renan, é possível atingir um valor para o salário mínimo maior que o conseguido no início do Plano Real. Nós temos estudos que demonstram isso, revelou. Ele disse que a data (abril ou maio) para o reajuste é apenas um detalhe. Ele defende uma política permanente de reajuste do mínimo. Essa coisa não pode ser circunstancial, apenas por um ano. O salário mínimo, com honrosas exceções, vem perdendo poder de compra ao longo dos últimos anos no Brasil. Este ano e o ano passado foram exceções. Obras no Senado Perguntado sobre a anunciada construção do Anexo 3 do Senado, Renan disse que essa obra é uma decisão antiga da Mesa Diretora e tem recursos previstos no Orçamento da União. Ele acrescentou que o Senado foi o único órgão público que ainda não havia construído anexo. O Senado, hoje, tem comissão que não tem lugar para funcionar. Não temos onde colocar o Museu do Senado, pertences históricos que estão abandonados em galpões. Quando Brasília foi construída, Niemeyer já havia previsto a expansão do Senado. É uma necessidade, concluiu. ### Relator defende R$ 350 e correção de 10% para o IR O relator-geral do Orçamento da União para 2006, deputado Carlito Merss (PT-SC), defendeu ontem o aumento do salário mínimo para R$ 350, a partir de maio, e a correção de 10% na tabela do Imposto de Renda (IR). A antecipação para abril, em sua avaliação, além de gerar um custo de R$ 700 milhões para os cofres públicos, colocaria muitos prefeitos em dificuldades para honrar a folha de pagamento de seus municípios. Perigos Merss alertou para a possibilidade de faltar recursos para áreas importantes como educação e saúde na hipótese de o aumento ser antecipado para abril. Ele apontou, contudo, benefícios que a medida poderia acarretar para a economia brasileira. Creio que poderá faltar dinheiro para atendimento de demandas específicas, porém um salário antecipado para a economia do Brasil é maravilhoso. Teremos mais dinheiro girando. A economia interna vai melhorar. Por isso, sempre afirmo que qualquer coisa que se refira a aumento do salário mínimo não é prejuízo, mas sim investimento, disse ele. |AS ### Senador apóia advertência do STF a Lula O presidente do Senado, Renan Calheiros, concordou ontem com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio de Mello, que sugeriu ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que tome cuidado para não confundir ato de governo com ato eleitoral, dando o exemplo para os demais candidatos às eleições de outubro. O alerta do futuro presidente do TSE foi a propósito das inaugurações a que o presidente tem comparecido em diversos estados até para operações tapa-buracos em estradas federais e que se transformam em atos políticos, com palanques e discursos presidenciais onde Lula fala a respeito de sua candidatura à reeleição. Esse cuidado todo homem público tem que ter, disse ontem Renan. Os senadores, os deputados, os ministros, o presidente da República, todos nós que podemos ser candidatos ou exercemos mandato temos que ter esse cuidado afirmou. PMDB e as prévias Em relação às prévias do PMDB e a polêmica sobre a data da sua realização, Renan disse que a decisão sobre o adiamento teria que ser fruto de uma longa e ampla negociação, com a participação de todas as forças, aproximando as correntes, em vez de dividir o PMDB. Há uma corrente no partido considerada a mais ligada ao governo, e da qual Renan e o senador José Sarney (AP) são os maiores expoentes que defende o adiamento das prévias. Acho que todo mundo tem, mais do que nunca, que trabalhar pela coesão, a unidade e o fortalecimento do partido, para que, sendo forte regionalmente, seja forte também nacionalmente afirmou. Renan disse ainda que dificilmente haverá aliança entre dois grandes partidos nas próximas eleições para a Presidência da República, do tipo em que um partido indica o vice para outro. Não há esse quadro. Todo mundo quer candidatura própria, disse. |AS