Itamaraty diz que observa��es da ONU s�o desequilibradas
Brasília O governo brasileiro considerou pouco construtivo o tom da afirmação de que o Brasil vive uma guerra social, feita pelo relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) Jean Ziegler. Em nota à imprensa, o Itamaraty afirmou lamenta
Por | Edição do dia 19/03/2002 - Matéria atualizada em 19/03/2002 às 00h00
Brasília O governo brasileiro considerou pouco construtivo o tom da afirmação de que o Brasil vive uma guerra social, feita pelo relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) Jean Ziegler. Em nota à imprensa, o Itamaraty afirmou lamentar profundamente a tônica desequilibrada das declarações. Em reportagem ontem da Folha de S.Paulo, que mereceu a manchete do jornal, Jean Ziegler concluiu que o Brasil não cumpre os compromissos firmados nos pactos internacionais sobre a alimentação e que poderá sofrer punições da ONU por causa disso. Ainda de acordo com a nota, a afirmação do enviado da ONU à imprensa ao final de sua visita coloca em risco a objetividade de sua missão. A contribuição que pode e deve ser feita por Relatores Especiais ao aperfeiçoamento do sistema nacional de defesa, promoção e proteção dos direitos humanos tem como base necessária a análise isenta de fatos, processos e situações, completa a nota. No discurso que fez aos 54 voluntários católicos e batistas que participam do mutirão contra a desnutrição infantil, Ziegler foi contundente. Os dados indicam que um terço da população brasileira é afetada pela subalimentação. Isto é totalmente intolerável. No Níger (país localizado no centro-oeste da África e que tem um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) do mundo) há fome porque não há nada, só areia e rocha. Mas no Brasil, onde há terra fértil, riqueza e um clima tropical, a fome é um genocídio, não uma fatalidade. A responsabilidade é a ordem social, não a natureza. A responsabilidade é um produto de uma ordem totalmente injusta. Quem morre de fome no Brasil é assassinado, afirmou.