Nacional
Lula volta a pedir paci�ncia aos afobados e apressados

Brasília ? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pedir paciência aos ?afobados e apressados que querem que as coisas aconteçam fora de hora?. Em discurso de improviso na solenidade de lançamento do Plano de Safra para a Agricultura Familiar, na qual anunciou a liberação de R$ 5,4 bilhões para custeio e investimento da safra de 2003/2004, Lula pediu uma trégua ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e prometeu para breve o projeto de reforma agrária. ?As coisas não acontecem no tempo que a gente quer?, disse o presidente, em resposta ao dirigente da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), Miguel dos Santos, que cobrou urgência no encaminhamento da realização da reforma agrária durante o evento. ?Sabemos que tem o problema, sabemos o caminho para a solução e sabemos que vamos fazer (a reforma agrária). Este é um compromisso moral, político e ético da minha vida e do meu governo?, disse o presidente no discurso. O MST garantiu que, apesar do apelo, as invasões não vão parar, ?porque o governo não assentou nenhuma família neste primeiro semestre?, segundo um coordenadores nacionais do movimento, João Paulo Rodrigues. Para ele, o governo não pediu uma trégua formal nas ocupações. Ele disse também que o Planalto ainda não marcou a data para a reunião de Lula com a coordenação do movimento, prevista para a primeira quinzena de julho. Durante o discurso, Lula disse que os recursos para os pequenos agricultores devem ser liberados pelos bancos públicos de forma desburocratizada e que deve ser gasto ?até o último centavo?. A grande reclamação dos pequenos tomadores de crédito é a dificuldade em obter os recursos públicos, em função das exigências cadastrais. Os 5,4 bilhões de reais estarão disponíveis a partir de julho, segundo o governo. Cobrança ao BB ?Telefonem, briguem, xinguem porque não queremos ver sobrar nenhum centavo para a agricultura familiar?, disse Lula. Enfático, o presidente ameaçou com demissões no Banco do Brasil caso os recursos não cheguem aos agricultores. O BB é o responsável pela liberação de grande parte dos recursos públicos. ?Pode ter certeza que de que este dinheiro existe e que ele vai circular, e se não circular, alguém vai dançar.? Os agricultores acreditam que a postura dos bancos vai mudar. ?Antes os bancos sentavam em cima do dinheiro e decidiam para quem davam e para quem não davam, mas agora tenho certeza de que vai ser diferente?, disse Mário Rosseto, presidente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). O Plano de Safra para a Agricultura Familiar pretende aumentar de 970 mil para 1,4 milhão o número de contratos de agricultores com o Programa Nacional de Agricultura Familiar, o Pronaf. Dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário mostram que 84 por cento das propriedades agrícolas do país são considerados pequenos estabelecimentos familiares.