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Presidente do TSE afirma que�Judici�rio vive sua maior crise

Brasília - Declarando não poder ficar em silêncio diante da ?gravidade? do momento, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Sepúlveda Pertence disse ontem que a crise de credibilidade do Poder Judiciário alcançou dimensões inéditas nos últimos anos. ?A credibilidade não resiste à exacerbação da justa insatisfação popular com a ineficiência, o custo e a lentidão do funcionamento do serviço da Justiça?, disse Pertence, na cerimônia de formatura de alu-nos de direito do Centro Universitário de Brasília. ?O noticiário de cada dia documenta a multiplicação dos resultados desse círculo perverso vicioso que aumenta progressivamente a corrosão do prestígio do Judiciário brasileiro?, completou. A declaração de Pertence ocorre após fortes críticas de setores da sociedade e do governo a respeito do corporativismo do Judiciário. Nas últimas semanas, o Judiciário conseguiu pressionar o Congresso -inclusive com uma ameaça de greve nacional - para alterar a reforma previdenciária. O governo cedeu e o projeto aprovado em primeiro turno na Câmara fixou o subteto do Judiciário estadual em 90,25% do salário de ministro do Supremo Tribunal Federal (R$ 15.613). A proposta origi-nal era fixar esse valor em 75% (R$ 12.975). Antes dessa tramitação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia dito, em fevereiro, que a ?caixa-preta? do Judiciário precisaria ser aberta. Para Sepúlveda, ?a crise judiciária brasileira - tema tão velho quanto recorrente- [...] alcançou nos últimos anos dimensões inéditas, que se desdobram a cada dia em pris-mas de dramática gravidade?. ?Não se construirá uma democracia de verdade sem instituições judiciárias fortes?, disse. Para o ministro, a maioria da magistratura é honrada. Porém, as generalizações sobre o sistema dificultam a vida do juiz. ?É amargo ser juiz honrado no Brasil de hoje?, disse. De acordo com o ministro, a contrariedade de uns e a levianda-de de outros também são fatores que alimentam a crise do Judiciário. ?Sinceramente já não sei se minha geração ainda verá recuperar-se a Justiça dos traumas que, continuamente, tem sofrido?, afirmou.