As aeronaves enviadas pelo governo federal para resgatar brasileiros em Wuhan, na China, poderão trazer cidadãos de outros países, caso haja disponibilidade de espaço nos voos. A informação foi dada pelo presidente Jair Bolsonaro durante live semanal transmitida na noite desta quinta-feira (6). Um pedido de carona, segundo o presidente, já foi solicitado pelo governo da Polônia. “Talvez, se tivermos apenas em torno de 40 brasileiros para trazer para cá, como sobrariam em torno de 10 vagas, eu já autorizei a trazer nacionais de outros países. Se for da América do Sul, pousa aqui. Parece que entrou um pedido da Polônia agora e, obviamente, como vai pousar em Varsóvia [capital polonesa], eles foram gentis para conosco, e têm poloneses lá [em Wuhan], se quiserem retornar, [eles] vêm e desembarcam em Varsóvia e tudo bem”, disse o presidente.
As duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) decolaram na quarta-feira (5) de Brasília com destino a Wuhan . A expectativa é que eles tragam de volta ao Brasil as 34 pessoas (brasileiros e parentes) que se encontram na cidade epicentro do surto de coronavírus. Na volta, as aeronaves farão cinco escalas: Urumqi (China), Varsóvia (Polônia), Las Palmas (Espanha) e Fortaleza (CE), até o pouso final em Anápolis (GO).
Só poderão embarcar na China pessoas que não apresentarem sintomas da doença. Uma equipe de médicos militares fará exames preliminares ainda em solo chinês. A previsão é que os aviões cheguem ao Brasil no sábado (8), com desembarque na Base Aérea de Anápolis, em Goiás. Todos os resgatados, bem como a tripulação de militares, equipe médica e o cinegrafista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que estão a bordo, passarão por uma quarentena de 18 dias nas instalações da base, seguindo protocolos e instruções oficiais visando à segurança de todos envolvidos. Os cidadãos isolados terão tratamento gratuito e o direito de serem informados permanentemente sobre seu estado de saúde. Durante a live, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, informou que as instalações na Base Aérea de Anápolis estão prontas para receber os resgatados com toda a estrutura de saúde e segurança para evitar contaminação. Ele buscou tranquilizar os moradores da região. “Se vai ter um lugar no Brasil muito difícil desse vírus se disseminar será Anápolis, porque toda a estrutura de segurança sanitária, todas as medidas estão sendo tomadas para acolher os nossos cidadãos brasileiros que estavam em situação difícil na China”, afirmou.
CASOS
O Ministério da Saúde atualizou ontem as informações repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde sobre a situação dos casos suspeitos do novo coronavírus no Brasil. Agora, nove casos se enquadram na atual definição de caso suspeito para nCoV-2019, uma redução de dois casos suspeitos em relação ao informe do dia anterior.
O boletim foi apresentado durante a reunião, em Brasília, com secretários de saúde dos estados e capitais de todo o país. As ocorrências suspeitas estão sendo monitorados pelo Ministério da Saúde nos seguintes estados: Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), São Paulo (3), Santa Catarina (1) e Rio Grande do Sul (3). O ministério também já descartou 24 casos para investigação de possível relação com a infecção humana pelo coronavírus, três casos a mais do que o boletim divulgado ontem (5). Todas as notificações foram recebidas, avaliadas e discutidas com especialistas, caso a caso, junto com as autoridades de saúde dos estados e municípios.