Nacional
UDR considera absurda a��o contra sem-terra

Brasília ? O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, 43, criticou ontem a ação do governo federal na desocupação da fazenda Córrego da Ponte, em Buritis (MG). Para ele, o envio de tropas do Exército à propriedade dos filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso foi ?completamente absurdo? e ?fora da legalidade democrática?. ?O presidente quis dar uma demonstração de força, mas acabou envolvendo o governo em uma operação absurda e ilegítima. Estamos indignados?, disse o presidente da UDR, entidade que congrega produtores rurais, sediada em Presidente Prudente (SP). Segundo Garcia, a ação da Polícia Federal teria sido ?mais do que suficiente? na operação. Em sua opinião, não havia justificativa para o envio do Exército, já que a fazenda não é do presidente e ele ?não tira dela seu sustento?. ?Vários outros fazendeiros que dependem de sua terra para sobreviver foram vítimas da ação do MST e não tiveram o mesmo tratamento que os filhos do presidente?. O presidente da UDR fez questão de esclarecer que sua opinião não é um sinal de solidariedade aos integrantes do MST, de quem a entidade é adversária histórica. As declarações têm o objetivo, afirma, de ?defender a igualdade no campo?. ?O Exército existe para resguardar a soberania nacional. E quanto aos outros produtores rurais que têm suas áreas invadidas e não recebem o mínimo de atenção? É correto dar um tratamento assim desigual??, disse Garcia. Conhecida por suas posições conservadoras, a UDR foi bastante atuante nos anos 80. Criou inimigos entre movimentos de defesa da reforma agrária, que a acusavam de ser defensora dos latifúndios improdutivos. No início dos anos 90, ela praticamente acabou, para ressurgir há cerca de seis anos. A diretoria da entidade não sabe quantos produtores são a ela associados, mas diz que estão na casa das centenas. Há dez dias, a UDR é presidida por Garcia, proprietário de uma fazenda de 151 alqueires em Sandovalina (SP), em que cria gado de corte e tem uma agroindústria de aguardente de cana. O presidente da UDR declarou ainda que o governo errou ao fazer um acordo com os sem-terra e depois rompê-lo, o que resultou na prisão de 16 líderes. Para ele, não deveria ter havido negociação alguma, mas prisão imediata dos invasores. ?O MST é composto por foras-da-lei. O próprio movimento é ilegal, por não ter personalidade jurídica?, afirma.