A área desmatada na Amazônia foi de 9.762 km² entre agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com números oficiais do governo federal divulgados nesta segunda-feira (18) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Trata-se de um aumento de 29,5% em relação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018), que registrou 7.536 km² de área desmatada. Os dados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), considerado o mais preciso para medir as taxas anuais. Ele é diferente do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que mostra os alertas mensais e já sinalizava tendência de aumento. É a maior área desde 2008, quando o Prodes apontou 12.911 km² desmatados; Desde 2012, quando desmatamento foi de 4.571 km², o aumento anual vinha sendo de 11,4%, em média; Segundo o Inpe, o nível de precisão do Prodes é de aproximadamente 95%; O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, diz que principal motivo do crescimento é prática de atividades econômicas ilegais;
CRÍTICAS
O número apresentado via Prodes é 42,8% maior do que os números compilados com base nos alertas do Deter. O sistema de alertas foi alvo de críticas dentro do governo federal no meio do ano. À época, os alertas do desmatamento no Brasil - medidos pelo Deter - registraram alta de 88% em junho e de 212% em julho. Naquele período, sobretudo em julho e agosto, o governo criticou o uso dos dados e afirmou que a medição do Deter não deveria ser usada em comparativos e que os números que deveriam ser considerados são os do Prodes. O Inpe chegou a ser acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de mentir sobre os dados e agir a “serviço de alguma ONG”. A polêmica terminou com a demissão do então diretor do órgão, Ricardo Galvão. Em agosto, seguindo anúncio do ministro Ricardo Salles, o Ibama lançou um edital para contratar empresa privada para monitorar desmatamento na Amazônia. Período de agosto a julho O Prodes considera o intervalo entre agosto e julho porque o período abrange tanto as épocas de chuva quanto as de seca na região amazônica. Desse modo, leva em conta os momentos mais cruciais no “ciclo do desmatamento” e é capaz de identificar eventuais influências do clima. O levantamento do Prodes é realizado desde 1988. A informação publicada nesta segunda ainda é preliminar: como em edições anteriores, o Inpe revisará o dado no primeiro semestre do ano seguinte, para chegar à taxa consolidada.
A divulgação dos dados mais recentes ocorreu durante um evento em São José dos Campos (SP) e teve a presença dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, além do diretor do Inpe, Darcton Damião.
O Prodes faz o mapeamento com imagens dos satélites Landsat, CBERS e ResourceSat. O sistema consegue quantificar as áreas desmatadas maiores que 6,25 hectares. Também registra o chamado “corte raso” das florestas, que é a remoção completa da cobertura florestal primária. O atual índice compreende áreas desmatadas no 2° semestre do ano passado, ainda sob a gestão do então presidente Michel Temer, e neste 1º semestre, já na gestão de Jair Bolsonaro. O ministro Ricardo Salles diz que fará uma reunião nesta semana para discutir medidas. O pico do desmate ocorreu em 1995, 29.059 km², em período que abrange os governos Itamar Franco e Fernando Henrique, sendo que o número caiu para 13,2 mil km² em 1998. Já em 2004 (agosto/2003 - julho/2004) novamente a área passou dos 20 mil km², chegando ao total de 27,7 mil km². À época sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, o governo lançou um plano de ação que incluiu a criação do Deter. Na visão dos especialistas, as medidas foram essenciais para a trajetória de queda nos anos seguintes, chegando ao menor número em 2012, com cerca de 4,5 mil km² desmatados. No atual levantamento, quatro estados respondem por 84% da floresta derrubada. Com 3.862 km² de área desmatada, o Pará teve a maior participação. Foram 39,56% de toda a floresta derrubada nestes 12 meses. Mato Grosso, Amazonas e Rondônia ultrapassaram os mil km² de desmatamento e foram, nesta ordem, os estados que mais contribuíram com o aumento da taxa de desmate depois do Pará.