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PF APURA MORTE DE HOMEM ASFIXIADO COM GÁS POR AGENTES DA PRF

Ministério Público Federal também abriu procedimento sobre o caso para acompanhar as investigações

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Genivaldo foi imobilizado e colocado no interior do compartimento da viatura da PRF
Genivaldo foi imobilizado e colocado no interior do compartimento da viatura da PRF | Foto: Hebert Borges

UOL

A Polícia Federal (PF) em Sergipe instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, homem negro trancado no porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele aspirou um gás lançado pelos policiais, em Umbaúba, no sul do estado, e, segundo o IML, morreu de asfixia. A corporação diz que já iniciou as diligências sobre o caso. Os agentes envolvidos foram afastados. O Ministério Público Federal também abriu um procedimento sobre o caso, no sentido de acompanhar as investigações sobre a morte de Genivaldo. O despacho foi assinado pelo procurador Flávio Pereira da Costa Matias, coordenador do Controle Externo da Atividade Policial. A Procuradoria requisitou informações à Delegacia de Polícia Civil de Umbaúba e oficiou a PRF em busca de informações sobre processo administrativo que vai apurar a abordagem policial. Foi dado prazo de 48 horas para que os órgãos repassem os dados. À PF, foi solicitado o número do inquérito aberto sobre o caso. Matias determinou que, tão logo a informação chegue ao MPF, seja autuada imediatamente uma notícia de fato - apuração preliminar - para que o futuro procurador do caso acompanhe as investigações da PF, indicando as diligências que considerar necessárias e adotando “as demais medidas que reputar oportunas”.

A MORTE

Genivaldo de Jesus Santos foi abordado, imobilizado e colocado no compartimento da viatura. Em seguida, os agentes lançaram um gás sobre a vítima e trancaram o porta-malas, disseram testemunhas. Imagens da ação foram postadas em redes sociais. Laudo do Instituto Médico Legal (IML) indica que a morte de Genivaldo se deu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. Outros exames foram realizados para detalhar as causas e os laudos complementares ainda serão emitidos.

A ABORDAGEM

Segundo testemunhas, ele foi abordado na tarde de ontem em uma blitz na rodovia BR-101, enquanto pilotava uma motocicleta. Imagens de um vídeo gravado por uma pessoa que presenciou a cena mostram que a ação começa com três agentes que se lançam a vítima na tentativa de a imobilizar ao encontrarem uma cartela de remédios com ela. Sobrinho da vítima, Wallison de Jesus disse que estava perto do tio no momento em que ele foi abordado pelos policiais. No vídeo, é possível ver o momento em que Genivaldo ergue os braços, demonstrando colaborar. Porém, por várias vezes na gravação é possível ouvir os policiais gritando com ele e até o ofendendo. Mais tarde, ele é visto no porta-malas, com fumaça — ainda não confirmada se gás lacrimogênio — escapando da viatura. O homem que grava toda a cena diz: “Ele tem problema mental”. Depois, ao saber que havia um parente de Santos presente, ele se dirige a ele e diz: “Cara, se você sabe que ele tem problemas mentais, você tem que avisar”. Ao que Wallison responde: “Já avisei”. Os avisos parecem não influenciar os agentes, que continuam posicionados sobre o homem caído ao chão. Depois de um tempo ele é jogado no porta-malas da viatura. Em outro vídeo que circulou nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, é possível ver o momento em que Santos é mantido preso no porta-malas da viatura da PRF por dois agentes da corporação. Pelas frestas da porta traseira, mantida semifechada, é possível ver fumaça escapando, enquanto se pode ver, na parte de baixo, as pernas do homem balançando em desespero, enquanto ele grita no interior da viatura. Em alguns momentos, um dos policiais tenta segurar as pernas de Santos, enquanto o outro continua a bombear gás para dentro da viatura por uma das frestas. Toda a cena é assistida por dezenas de populares que, segundo demonstram os vídeos, preferiram manter distância dos policiais. Esposa de Genivaldo, Maria Fabiane dos Santos disse que soube no hospital para o onde o marido foi levado que ele já chegou morto à unidade. Ela confirmou que ele tinha um transtorno mental e que o que aconteceu com ele não foi uma fatalidade. “Foi um crime mesmo, eles agiram com crueldade para matar ele”. No boletim registrado na delegacia de Umbaúba, a irmã de Genivaldo, Damarise de Jesus Santos, 46, disse que ele havia pegado a sua moto de maneira furtiva, sem que ela soubesse. Ela também confirmou que o irmão “imaginava vultos e estar sendo perseguido”, mas também não disse especificamente qual era o transtorno.

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