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Dengue hemorr�gica deve crescer no Pa�s, avalia Opas

São Paulo A Organização Panamericana de Saúde faz previsões nada otimistas sobre os rumos da epidemia de dengue no Brasil e no restante da América Latina nos próximos anos. Além da necessidade permanente de combater o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, a entidade sugere que o sistema de saúde se prepare para atender um número cada vez maior de pacientes com dengue hemorrágica. A experiência do Rio mostrou que o aumento do número de casos da doença pode parar o sistema de saúde, afirma o assessor regional da Opas para dengue na América, Jorge Árias. Para que isso não ocorra novamente em outras cidades, é preciso desde já criar estratégias para atendimento. Este ano, no auge da epidemia de dengue no Rio, muitos pacientes contaminados pelo vírus da dengue tiveram de enfrentar fila para serem atendidos em hospitais. Um risco, diante das características da doença, que requer a hidratação adequada do paciente. Árias reconhece que não há como prever quando uma nova epidemia poderá ocorrer. Não sabemos se será no ano que vem ou dentro de dois ou três anos, diz. Seja como for, as soluções também não aparecem de uma hora para outra. Criar projetos que garantam atendimento dos pacientes seria uma atitude bastante prudente dos governos. Triagem Uma das sugestões de Árias para enfrentar o aumento da procura em hospitais seria a criação de clínicas de triagem. É preciso ainda treinar médicos e informar a população sobre os primeiros sintomas da dengue hemorrágica. Com isso, o tratamento poderia ser dado no estágio inicial da infecção. Além dos sintomas clássicos, pacientes com a forma grave de dengue podem ter dores abdominais e tonturas. A Opas já fez algumas sugestões sobre capacitação de médicos para governos do Equador e do Paraguai. O Brasil, segundo Árias, não solicitou nenhum auxílio nessa área. O diretor do Centro Nacional de Epidemiologia da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Jarbas Barbosa, admitiu que a rede de saúde precisa se organizar melhor para atender ao aumento de casos de dengue hemorrágica. Alguns pacientes que morreram este ano passaram por dois ou três hospitais, antes de ter o diagnóstico de dengue hemorrágica. A demora certamente contribuiu para a piora do quadro dessas pessoas. No Rio, dados preliminares indicam que a taxa de mortalidade foi maior em hospitais particulares. Talvez pela falta de hábito desses profissionais em lidar com problemas infecciosos. Barbosa reconhece que não é preciso ampliar a rede, nem mesmo adquirir equipamentos. Precisamos de uma estrutura organizada, médicos treinados e leitos de observação em postos de saúde.