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Lula pede ajuda a S�ria�para salvar brasileiro

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem, por telefone, com o colega sírio, Bashar al Assad, para pedir ajuda na solução do caso do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Júnior, 49, seqüestrado no Iraque no dia 19. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que Lula apresentou o desaparecimento do brasileiro como uma ?questão humanitária e de solidariedade? e que teve boa receptividade de Assad. O presidente sírio, que está em viagem à Rússia, retornou a ligação de Lula, o que representaria, segundo o chanceler, o ?grau de interesse da Síria em ajudar?. Lula esteve em viagem oficial a Síria, Líbano, Emirados Árabes, Egito e Líbia em dezembro de 2003. ?Injustificável? Segundo Amorim, o presidente sírio destacou que a própria população iraquiana verá o seqüestro do brasileiro como uma situação humanitária que não é justificável. ?Não que outros [seqüestros] sejam justificáveis, mas esse [o do brasileiro] é injustificável até porque o Brasil teve uma posição muito clara quanto à guerra no Iraque?, afirmou o chanceler. O Itamaraty confirmou que o embaixador extraordinário para Oriente Médio, Affonso Celso de Ouro-Preto, embarcou ontem para Amã (capital da Jordânia), onde ficará baseado, e que poderá ir para Damasco (capital da Síria) e até para Bagdá (capital do Iraque), se for necessário. Segundo Amorim, outros contatos diplomáticos estão sendo feitos com outros países que tenham representação diplomática no Iraque ? o Brasil não tem embaixada no país ? ou que já tiveram situações semelhantes de seqüestro. O chanceler descartou qualquer tipo de contato por parte dos seqüestradores e disse que as negociações ainda não começaram. Muçulmanos A Associação dos Clérigos Muçulmanos do Iraque afirmou que ? caso seja procurada ? pode analisar um pedido do governo do Brasil e fazer um apelo pela libertação de Vasconcellos Júnior. ?Nós não participamos no passado como intermediadores na negociação pela libertação de reféns nem vamos fazer isso no futuro. A nossa participação seria somente na forma de apelos pela libertação de reféns?, disse à BBC Brasil o xeque Omaar Raagheeb, porta-voz da organização sunita iraquiana. ?Mas os brasileiros não fizeram contato conosco até o momento nem nos pediram para fazer nada?, afirmou Raagheeb. Em abril de 2004, três reféns japoneses foram soltos depois de a associação ter divulgado um comunicado pedindo a libertação dos civis em cativeiro no Iraque. Eles estavam em poder do grupo Brigadas al Mujahidin, o mesmo que assumiu o seqüestro do brasileiro. O próprio Brigadas al Mujahidin, segundo a rede de TV Al Jazira [Qatar], enviou um fax para a redação da emissora dizendo que libertaria os três reféns em resposta a um apelo feito pela associação. Em outros casos, reféns foram entregues à organização ao serem libertados pelos seqüestradores. O xeque Raagheeb disse ainda à BBC Brasil que o fato de Vasconcellos ser brasileiro pode suscitar alguma simpatia nos iraquianos. ?Pode haver alguma solidariedade já que o governo brasileiro não participou da guerra nem das forças de ocupação do Iraque?, afirmou.