PT sofre debandada com sa�da de 100 filiados
Brasília - Filiados do PT realizaram no sábado um ato no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), para anunciar a desfiliação de ao menos 100 pessoas do partido. Assinaram o manifesto sindicalistas, dirigentes do partido e economistas históricos do
Por | Edição do dia 01/02/2005 - Matéria atualizada em 01/02/2005 às 00h00
Brasília - Filiados do PT realizaram no sábado um ato no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), para anunciar a desfiliação de ao menos 100 pessoas do partido. Assinaram o manifesto sindicalistas, dirigentes do partido e economistas históricos do PT. O vereador Carlos Giannazzi (PT), que está sofrendo um novo processo de expulsão, compareceu ao encontro para prestar solidariedade. Segundo o economista Plínio de Arruda Sampaio Júnior, um dos nomes mais conhecidos do grupo, a debandada pode ser ainda maior. Sentimos de fato que existe uma grande insatisfação com os rumos do PT. Segundo Sampaio, depois que os dissidentes conversarem com suas bases, é possível que outros militantes abandonem o PT. Fizemos um manifesto da ruptura com 13 motivos para sair do PT, mas posso afirmar que existem dois motivos principais. O primeiro é que o PT deixou de ser um partido que luta por mudanças sociais. O outro motivo é que o partido fez a opção pela manutenção da ordem atual e acreditamos que esta será uma postura irreversível, afirmou o economista. Filiado ao PT há cerca de 25 anos, Sampaio se tornou nos últimos anos um dos principais críticos do partido que, segundo ele, abandonou as bandeiras históricas para defender o status quo. Na avaliação do economista, a gestão da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, foi neoliberal e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se sentiu mais à vontade em Davos, na Suíça, onde foi realizado o Fórum Econômico Mundial, do que em Porto Alegre, onde aconteceu o Fórum Social. A princípio, de acordo com Sampaio, não está em discussão a criação de outro partido. O grupo deve se reunir novamente e discutir os rumos que irão seguir. A saída do partido foi uma maneira de sinalizar à sociedade que não desistimos da luta, mas ainda não conversamos sobre para onde ir. De qualquer modo, somos favoráveis à idéia da unidade da esquerda, acrescentou. Em entrevista ao site do PT, o presidente nacional da legenda, José Genoino, procurou tratar o caso como um movimento natural. Segundo ele, os dissidentes eram militantes que já estavam praticamente fora do PT. Genoino rebateu as críticas de que o PT perdeu a identidade afirmando que o partido continua com seu compromisso com os ideais de sua fundação. Eleição na Câmara A outra questão que atormenta a cúpula petista é a eleição na Câmara dos Deputados. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), reúne hoje os líderes partidários para definir o rito de votação nas eleições da Casa, marcadas para o dia 14 de fevereiro. Durante o encontro serão definidas questões como a data de encerramento para inscrição de candidatos à mesa da Câmara, o horário de votação e a escolha de cargos, de acordo com o tamanho da bancada dos partidos. O encontro reunirá a maioria dos líderes das bancadas, mas não deve contar com a presença dos próprios candidatos que estão em campanha, viajando pelo país. A única exceção deve ser o líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA), que disputa a presidência e deve comparecer ao encontro. Apesar de cinco deputados disputarem a presidência, a maioria dos partidos já definiu que cargos na mesa são pleiteados de acordo com a proporcionalidade. O PT, que tem a maior bancada, escolheu a presidência. A questão mais polêmica a ser resolvida na reunião de hoje se refere ao sigilo da votação. João Paulo afirmou que a votação poderá ser aberta. Pelo regimento e tradição, a votação é sigilosa.