Operação
PF MIRA SUSPEITOS DE MOVIMENTAR R$ 6 BI EM CONTRABANDO DE OURO
A PF cumpriu ao menos 4 mandados de prisão e outros 48 de busca e apreensão no DF e em 8 estados


A Polícia Federal realizou, em conjunto com a Receita Federal, três operações nesta quarta-feira (20) contra o garimpo e comércio ilegal de ouro do Território Indígena (TI) Yanomami. Segundo as investigações, o minério de ouro extraído de garimpos ilegais na Terra Yanomami e da Venezuela era comercializado no exterior. A suspeita é que a ação ilegal movimentou quase R$ 6 bilhões.
A PF atuou para cumprir ao menos 4 mandados de prisão e outros 48 de busca e apreensão no DF e em 8 estados: RR, GO, AM, DF, TO, SP, MG, RN e PA. Uma das operações aconteceu em Roraima com o nome operação Eldorado. Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 40 de busca e apreensão nos estados de Roraima, Amazonas, Goiás e Distrito Federal, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Boa Vista, capital de Roraima.
Uma das prisões ocorreu em Boa Vista: Ariel Silva Magalhães, empresário que é suspeito de intermediar a saída do ouro ilegal da TI Yanomami. Ele usava a empresa MF Soluções empresariais para fazer a retirada do minério, de acordo com a PF.
O outro alvo foi preso em um condomínio de casas de luxo em Manaus. Segundo a PF, Brubeyk do Nascimento teria montado um esquema de remessas ilegais para negociar no exterior o ouro extraído em garimpos ilegais na TI Yanomami.
O g1 procurou a defesa de Ariel Silva e Brubeyk do Nascimento e questionou se há o interesse em se posicionar sobre o assunto. A reportagem aguarda resposta.
Segundo a PF, Nascimento já foi preso em Manaus com dois norte-americanos em 2020 tentando embarcar ilegalmente com 35 kg de ouro para os Estados Unidos. Ele tinha mandados de prisão abertos por três estados: Amazonas, Roraima e Tocantins.
Em uma coletiva de imprensa concedida em Manaus, os delegados da Polícia Federal (PF) Adriano Sombra, o delegado da Polícia Civil, Vinicius Nunes de Paula e o chefe da Delegacia Regional da PF, Domingos Sávio, descreveram o esquema como “a maior organização criminosa que envia ouro para a Europa”.
Eles também revelaram que a PF usou aplicativos de geolocalização para descobrir a origem do ouro contrabandeado. “Eles alegam que extraem o ouro de uma permissão de lavra garimpeira, mas, através de gel e aplicativos da Polícia Federal, verificamos que o local onde afirmam retirar o ouro não tem nenhuma extração. Ou seja, a medição do local declarada está totalmente preservada, legalmente eles poderiam retirar dali, declaram que o fazem, mas não o fazem”, explicou Adriano Sombra.
“É importante ressaltar que isso é apenas um retrato de uma parte do esquema criminoso. No entanto, essa organização criminosa tem outras operações com diferentes empresas. Em resumo, eles adquirem ouro ilícito de garimpos através de fraudes e o enviam para a Europa sem autorização”.
Outra ação da PF contra o garimpo ilegal ocorreu no Amazonas. Com a operação Emboabas foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca, além de outras medidas cautelares, nas cidades de Manaus, no Amazonas; Anápolis, em Goiás; Ilha Solteira, em São Paulo; Uberlândia, em Minas Gerais; Areia Branca, no Rio Grande do Norte; e Ourilândia do Norte, Tucumã e Santa Maria das Barreiras, no Pará.
De acordo com a Polícia Federal, a Operação Emboabas, realizada no Amazonas, identificou indícios de contrabando de ouro para Europa após a prisão em flagrante de uma pessoa que transportava 35 kg de ouro. A PF informou que a pessoa pretendia entregar o produto a dois norte-americanos, sócios de uma empresa em Nova Iorque.
A Receita estima o bloqueio e apreensão de bens estimados em R$ 1 bilhão.