Dom Evaristo quer fim de celibato para padres
São Paulo O cardeal d. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito (aposentado) de São Paulo, defende a abolição do celibato para os padres diocesanos, mas não acredita que essa medida venha a ser adotada enquanto João Paulo II viver. No momento, a questão e
Por | Edição do dia 01/05/2002 - Matéria atualizada em 01/05/2002 às 00h00
São Paulo O cardeal d. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito (aposentado) de São Paulo, defende a abolição do celibato para os padres diocesanos, mas não acredita que essa medida venha a ser adotada enquanto João Paulo II viver. No momento, a questão está oficialmente fora de discussão. A decisão dependeria do papa, mesmo que tivesse a aprovação da maioria dos bispos, observou d. Paulo. O cardeal revelou que, no começo dos anos 70, o papa Paulo VI lhe disse que permitiria que os padres casassem, se houvesse consenso a esse respeito no episcopado mundial. Não havia. No caso de abolição do celibato, que foi instituído pela Igreja por volta do ano 1000, a dispensa valeria apenas para o clero diocesano ou secular, ou seja, para os sacerdotes que trabalham nas dioceses sob jurisdição dos bispos. Os religiosos, que pertencem a ordens ou a congregações, continuariam celibatários, porque fazem votos de pobreza, obediência e castidade. O celibato seria opcional para os padres diocesanos e obrigatório para os religiosos, disse d. Paulo hoje. Essa mudança poderá ocorrer nos próximos anos, se um dos sucessores de João Paulo II pensar como Paulo VI. É possível que, acompanhando a evolução da sociedade, a maioria dos bispos venha a apoiar essa proposta, prevê o cardeal. Em sua avaliação, o fim do celibato não prejudicaria o trabalho pastoral dos padres diocesanos. D. Paulo lembra o exemplo não só dos pastores evangélicos, mas também dos sacerdotes católicos que, fora da Igreja de rito latino, podem ser casados e, nessa condição, exercem com dedicação e eficiência o seu ministério. D. Paulo adverte que não defende essa posição por causa das denúncias de crimes de pedofilia e de outros abusos sexuais que envolvem sacerdotes. Não se deve misturar pedofilia com celibato nessa discussão, aconselha o cardeal, insistindo que uma coisa nada tem a ver com a outra.