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Nova t�cnica traz esperan�as a doentes card�acos terminais

Rio e Irlândia ? Pesquisadores do Rio de Janeiro anunciaram o sucesso do uso de células-tronco adultas para tratar doentes cardíacos terminais. É a primeira vez que essa terapia é feita com êxito em humanos no Brasil, mas os cientistas que a realizaram estão otimistas: para eles, o método pode ser uma alternativa mais barata aos transplantes de coração dentro de um ou dois anos. A transferência das células-tronco conseguiu recuperar o coração de Nelson Rodrigues dos Santos Águia, 68, (que já havia recebido sete pontes de safena) e o de José Carlos da Rosa, 54, cuja única esperança seria um transplante. O coração dele voltou a bombear sangue com a mesma eficiência do de uma pessoa sadia. ?O resultado foi muito além do esperado?, disse à reportagem o biólogo Radovan Borojevic, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), um dos coordenadores da pesquisa. ?Eram pacientes que teoricamente tinham seis meses de vida, que mal podiam tomar banho. Hoje em dia, um deles caminha 4 km num dia e faz natação no outro?, afirma o pesquisador. O anúncio marca o final da primeira fase do projeto, com a divulgação dos resultados dos primeiros pacientes (que receberam as células-tronco em dezembro) e a implantação das células em seis novos pacientes, que aconteceu nesta semana. Consideradas as vedetes da medicina do futuro, as células-tronco aparecem em embriões nas primeiras fases de seu desenvolvimento e em algumas áreas do corpo de adultos, como a medula óssea, usada por Borojevic e pelo médico Hans Dohmann, do Hospital Pró-Cardíaco e também coordenador da pesquisa. Capazes de assumir a função de qualquer tecido, dos músculos aos nervos, as células-tronco, quando retiradas da medula, têm ainda outra vantagem: como saem do próprio paciente, não causam nenhum tipo de rejeição. Células reinseridas No processo, as células-tronco são separadas em laboratório e reinseridas no coração do paciente com um cateter. O processo todo dura 48 horas, sem necessidade de internar o paciente numa UTI. De acordo com Borojevic, os quatro primeiros pacientes responderam de forma positiva ao tratamento, mas ele aconselha cautela: ?Cada paciente é um paciente. O resultado depende do estado do coração e também da medula da pessoa?, explica. Por isso um dos pacientes teve melhora menos acentuada, enquanto o quarto, embora também tenha melhorado depois do transplante celular, acabou morrendo de infarto meses depois. Agora, os pesquisadores devem monitorar o estado dos seis novos receptores em oito semanas, quando o efeito do transplante já deve ser visível. Os pacientes parecem mais do que satisfeitos. ?Antes eu não vivia, sofria?, diz José Carlos da Rosa. ?Hoje eu já fico dez minutos na esteira, sem me cansar?. ?Juntando os nossos dados com outras pesquisas dessa área no mundo, podemos esperar que a técnica se torne rotineira em dois anos?, diz Dohmann. Nova forma de vida Na Irlândia, cientistas alemães descobriram em uma fossa vulcânica submarina uma nova forma de vida, segundo um estudo publicado pela revista científica ?Nature?. À primeira vista eles não impressionam: a nova espécie é formada por micróbios com diâmetro de 400 milionésimos de milímetro, que vivem em associação com outras criaturas microscópicas, a temperaturas de 90ºC. Seis milhões destes micróbios caberiam na cabeça de um alfinete. Analisando o DNA desses organismos, no entanto, uma equipe do Instituto Max Planxk de Pesquisa Médica e da Universidade de Regensburg descobriu tratar-se de um filo inteiramente novo do domínio archaea, a mais misteriosa dos grandes grupos nos quais se dividem todos os seres vivos ? os outros dois são os eucariontes, que englobam de amebas a seres humanos, e as bactérias, microrganismos sem núcleo celular organizado. O domínio archaea, descoberto apenas na década de 70, é composto de seres unicelulares diferentes de tudo o que se conhece. Seus representantes mais conhecidos, os extremófilos, vivem em condições de pressão e temperatura consideradas ? até sua descoberta ? incompatíveis com a vida.