Sem-terra se re�nem com presidente

FOLHAPRESS Brasília O governo federal prometeu ontem ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a contratação de 1.300 novos servidores para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) até o final de 2006. A reestruturação do Incra, órgão responsável direto pela reforma agrária, é uma das principais reivindicações entregue pelo MST ao governo no início da marcha de cerca de 15 mil sem-terra que percorreu, em duas semanas, o trecho Goiânia-Brasília. O objetivo da marcha, que terminou ontem, era pressionar o governo a acelerar o processo de reforma agrária. Ontem, integrantes do governo federal se reuniram duas vezes no Planalto para fechar, às pressas, um pacote de medidas a serem anunciadas ao MST, que percorreu a Esplanada dos Ministério. Até o início da noite de ontem, porém, nada havia sido anunciado oficialmente. O pacote de medidas, segundo a Folha de S.Paulo apurou, contém a promessa de contratação de novos servidores ao Incra como um dos pontos. Atualmente, o Incra conta com cerca de 5.300 servidores na ativa, diante de uma demanda de pelo menos 10 mil, quadro que possuía nos anos 80. Para que a promessa de contratações no órgão seja efetivada, é preciso a realização de concursos públicos, ainda sem datas previstas. Os cargos, porém, já foram criados, por meio de medida provisória editada em setembro do ano passado. À época, a MP criou 4.500 novos cargos ao Incra. O MST pede que o órgão seja vinculado à Presidência da República. Ontem à noite, o governo buscava finalizar outros três pontos para serem anunciados a integrantes da coordenação do MST - um novo crédito exclusivo para novos assentados da reforma agrária, a divulgação de novos índices de produtividade e um desbloqueio, pelo menos parcial, do Orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário. No início da noite de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu em seu gabinete cerca de 40 integrantes da coordenação nacional do MST. Quatro ministros e o presidente do Incra, Rolf Hackbart, também participaram da audiência, que não havia terminado até as 19h de ontem. No início do encontro, Lula recebeu dos sem-terra um kit do MST, com mochila e um boné vermelho do movimento. Lula colocou o boné, posando para fotógrafos e cinegrafistas. Tumulto Um grupo de sem-terra cercou ontem, em frente da Câmara Federal, um carro da Polícia Militar, levando outros PMs a irem ao socorro dos colegas para tentar abrir caminho. Um dos policiais teria sido espancado pelos manifestantes e os PMs pediram reforço. Um helicóptero sobrevoou o local poucos metros acima dos manifestantes. Os ânimos foram acalmados pela assessoria da Casa. A Câmara diz que só um policial militar foi agredido, mas a PM diz que foram 18.