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Oposi��o diz que CPI ser� instalada hoje

FOLHA ONLINE Brasília O vice-líder do PFL na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), disse que de amanhã (hoje) não passa a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. Segundo Pauderney, a oposição não vai entrar no jogo do governo e pretende votar o parecer do recurso contra a CPI, na forma que foi apresentado pelo relator Inaldo Leitão (PL-PB). Queremos que o presidente do Congresso [senador Renan Calheiros] instale e indique os integrantes da CPI amanhã (hoje). Caso ele não faça, vamos aprovar o parecer de Leitão do jeito que está. A restrição é uma firula jurídica. Depois de instalada uma CPI ninguém segura suas investigações. O que for dito terá ramificações que serão investigadas. Não tem como o governo impedir. O Supremo Tribunal Federal (STF) já determinou que com base nos fatos apresentados a CPI pode e deve ampliar seus trabalhos. esgotando A decisão da oposição prejudica mais uma vez os planos do governo de adiar a CPI . Segundo Avelino, o governo está esgotando todas as suas manobras para evitar as investigações. O governo não quer obstruir a CPI, quer obstruir as investigações, criticou. Na esteira dos partidos de oposição, o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), anunciou ontem seu apoio à CPI dos Correios. O Congresso precisa agir, dentro de sua missão de fiscalizar, para apurar toda e qualquer irregularidade no âmbito dos Poderes da República, destacou. Segundo o presidente, as CPIs são um instrumento para afastar a praga da corrupção. ### Agora, petistas são a favor de CPI Em dia marcado pela inversão de papéis entre governo e oposição, o PT ontem cedeu e finalmente aceitou a CPI dos Correios, 24 dias após a eclosão do escândalo, pela revista Veja. PFL e PSDB, em contraste, obstruíram sessão da Comissão de Constituição e Justiça e evitaram a votação de recurso sobre a CPI que asseguraria sua instalação. A reviravolta petista foi decidida em reunião da bancada, motivada pela entrevista do presidente do PTB, Roberto Jefferson, à Folha de S.Paulo, em que denuncia um mensalão de R$ 30 mil a deputados do PP e PL. É fundamental O governo está investigando, mas os acontecimentos do fim de semana nos levam a dizer que é fundamental que se faça aqui na Casa a investigação, disse o líder do PT, Paulo Rocha (PA). Em visita ao Congresso, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, disse que o governo é enérgico. O governo sempre se dispôs a colaborar com as investigações e, naturalmente a base, mediante os fatos recentes, fez essa posição evoluir, disse, abandonando de vez o discurso de que as investigações da polícia e dos órgãos de controle do governo seriam suficientes. No Senado, a bancada do PT deu apoio à Comissão Parlamentar de Inquérito. Após rápida reunião, os senadores assinaram uma carta aberta aos deputados petistas, na qual pedem a instauração do devido inquérito parlamentar para investigar as mesadas - termo que foi evitado. O PT colocou uma condição: que a CPI se limite a investigar os Correios, e não o mensalão denunciado por Jefferson, que de acordo com o PT mereceriam sua própria CPI. A estratégia é tentar incluir nessa investigação também denúncias envolvendo o governo anterior, do PSDB, como o suposto suborno de deputados para votar a favor da emenda da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1997. A proposta tem chance escassa de prosperar, no entanto. Houve resistência imediata de líderes aliados, principalmente dos partidos citados por Roberto Jefferson. ### Aliados querem investigação da corregedoria Em encontro na casa do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), no final da manhã de ontem, líderes como José Janene (PP) e Sandro Mabel (PL) disseram que a investigação da mesada deveria ser feita pela corregedoria da Câmara. É muito mais rápido, justificou Janene. Reservadamente, líderes aliados acusaram o PT de tentar ganhar pontos junto à opinião pública pedindo a CPI do Mensalão, à custa de outros partidos - partidos menores, como PPS, PV e PDT, também anunciam estar colhendo assinaturas. O recuo petista ensejou a questão do que fazer na CCJ da Câmara, onde tramita um recurso apresentado pelo vice-líder do governo, João Leão (PL-BA), pedindo a inconstitucionalidade da CPI dos Correios. O recurso caminhava para ser aceito, o que derrubaria a CPI. Mas a nova realidade obrigou a uma reavaliação. A saída foi o governo pedir ao relator do recurso, Inaldo Leitão (PL-PB), que dê parecer dizendo que a CPI é constitucional, desde que investigue só os Correios. Foi a vez de a oposição chiar. Não vamos legitimar esse recurso do governo, mesmo que parcialmente. Queremos derrotá-lo, afirmou o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ). A oposição diz que, se o recurso for aceito, significaria que a CCJ considerou o requerimento que originou o pedido de investigação parlamentar inconstitucional. O Supremo poderia derrubar a CPI. Tucanos e pefelistas preferem outro caminho: que o recurso seja rejeitado e depois seja feita a restrição. Não há problema em a CPI começar com Correios, o depoimento do Jefferson a ampliaria naturalmente, afirmou Pauderney Avelino (PFL-AM). Os oposicionistas querem protelar a decisão da CCJ até que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), indique os membros da CPI.