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Morcego transmite raiva e mata no Par�

AGÊNCIA O GLOBO Rio de Janeiro Um novo surto de raiva humana transmitida por morcegos vampiros já matou 14 pessoas em menos de um mês no município de Augusto Correa, nordeste do Pará. As duas últimas mortes registradas ocorreram na quinta-feira: uma mulher de 50 anos e um rapaz de 25 anos, que estavam internados há menos de uma semana no Hospital Barros Barreto, em Belém. Especialistas sustentam que o desmatamento é a principal causa de os animais estarem atacando seres humanos. Geralmente o morcego ataca a vítima quando ela está dormindo. Com uma pequena mordida, o animal faz uma incisão no rosto ou no pescoço da pessoa e passa a lamber o sangue que brota da ferida. A Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa) calcula que mais de 700 pessoas já foram mordidas por morcegos em Augusto Correa, que tem uma população estimada em 1.500 habitantes. Mais de 850 pessoas já teriam sido vacinadas, mas o número poderia ser maior não fosse a resistência da própria população. Alguns moradores da zona rural do município se recusam a tomar a vacina porque não acreditam que as mortes sejam causadas por raiva, diz o diretor do Departamento de Controle de Endemias do Estado, Bernardo Cardoso. Em Augusto Correa, foram montados 20 postos de vacinação, sendo que 13 são fixos e sete volantes. A intenção é atingir pelo menos 12 comunidades do município. Foram enviados à região mais de cem profissionais, entre médicos, veterinários e enfermeiros Os técnicos da Sespa estão vacinando também cachorros e gatos do município. Logo nas primeiras semanas do surto, três mil doses da vacina anti-rábica foram enviadas ao município pelo Ministério da Saúde. Os especialistas suspeitam que outros animais estejam sendo vitimados pela doença. Um teste feito num boi encontrado morto na região teve resultado positivo. Mesmo com o elevado número de mortes, a Secretaria de Saúde afirma que o surto foi controlado, já que não teriam surgido novos casos de raiva humana. Todas as vítimas teriam sido infectadas antes da ação dos técnicos da secretaria. Este é o terceiro surto de raiva ocorrido em municípios paraenses nos últimos dois anos. Trata-se de uma região normalmente ocupada por morcegos, mas nos últimos anos, com o aumento do desmatamento, os ataques a seres humanos se tornaram mais freqüentes. O diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Expedito Luna, atribuiu o surto ao desequilíbrio ecológico que vem ocorrendo na região. É um processo que vem ocorrendo rapidamente. Uma área de floresta é desmatada para servir à pecuária. Os rebanhos aumentam a quantidade de alimento para os morcegos, que passam a se reproduzir mais. Quando os rebanhos são removidos para outras áreas, os morcegos passam a procurar outras fontes de alimento, diz.