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PMDB pode decidir apoio em conven��o

ANA PAULA RIBEIRO Brasília Após uma reunião tensa e tumultuada, os deputados do PMDB seguem rachados em relação ao apoio do partido ao governo Lula. A ala oposicionista já trabalha para realizar uma convenção no próximo dia 10 de julho, enquanto os governistas tentam evitar essa saída. Em jogo está a candidatura própria nas eleições de 2006. O presidente do partido, Michel Temer (PMDB-SP), deverá levar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a notícia de que o governo não terá o apoio de todos os 85 deputados do partido -estavam presentes na reunião de ontem 61 deputados. Temer disse que irá analisar os pedidos de convenção de uma forma que não agrave a situação do partido. Até agora, 11 diretórios já se manifestaram a favor da convenção. O número mínimo é nove. No entanto, os pedidos precisam estar de acordo com o regimento do partido. A convenção, talvez, só agrave essa situação, disse. Em dezembro, o partido realizou uma convenção em que ficou decidido a entrega dos cargos, o que não ocorreu. O PMDB tem dois ministérios, o da Previdência, ocupado por Romero Jucá, e o das Comunicações, com Eunício Oliveira. Já a possibilidade de ter mais dois ministérios - o governo quer ampliar a participação do PMDB em troca de apoio - não é aceita por boa parte dos deputados, que querem candidatura própria para a Presidência da República no próximo ano. Como é que o PMDB pode ter candidato próprio com quatro ministérios?, questionou Temer. Essa posição é defendida por Eliseu Padilha (RS). Para ele, com a participação no governo, cai por terra a tese de candidatura própria. Caso o partido realize a convenção, não está descartado o uso de instrumentos que tenham como finalidade desligar do partido os membros que continuarem no governo. O líder do partido no Senado, Ney Suassuna (PB), defendeu ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convoque uma reunião com os governadores da legenda para negociar o apoio ao governo Lula. O presidente Lula deveria ter feito essa reunião no sábado. Eu acho que ele terá de fazer [a reunião], afirmou Suassuna. Na semana passada, no mesmo dia em que o presidente fez o convite para o PMDB, os sete governadores encaminharam uma nota em que manifestam posição contrária à maior participação do partido no primeiro escalão. Os governadores devem se reunir novamente hoje em Brasília para lançar uma nota oficial sobre a posição da legenda. Eu acredito que o apoio à governabilidade, se misturado a cargos, vai fazer mal ao governo e ao PMDB, afirmou o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. ### Renan diz que apoio não depende de novos cargos O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que os peemedebistas deverão manter a defesa da governabilidade, mas que isso não significa ocupar mais cargos no governo federal. Essa coisa de ocupação de espaços, se vai ter três ou quatro ministérios, é irrelevante. Ninguém entenderia se o PMDB saísse da sustentação e enfraquecesse o governo. Seria uma coisa imperdoável, oportunista, comentou. Na segunda-feira, os líderes regionais em São Paulo - Orestes Quércia - e no Rio de Janeiro - Anthony Garotinho - se posicionaram contra a ampliação da participação do partido no governo. Diante da dificuldade do PMDB de encontrar uma posição unitária, a bancada do Senado divulgou uma nota em que 20 dos 23 senadores defenderam um pacto pela governabilidade. Para a ala governista do PMDB, o País poderá sofrer uma crise de governabilidade com reflexos na economia se a sigla não aceitar o convite de Lula. Michel Temer afirmou que tem recebido manifestações contrárias a essa possibilidade. Vários setores no partido dizem que não é preciso entrar no governo para garantir a governabilidade, disse. Para o senador Renan Calheiros, o pacto pela governabilidade está relacionado à construção de uma maioria no Congresso.