Nacional
Rodrigues admite negocia��es com ex-tesoureiro do PT

Fábio Zanini Folhapress Acusado por Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser o inventor do mensalão, o deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) admitiu ontem ter se reunido com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e com o ex-secretário-geral do partido Sílvio Pereira para fazer negociações políticas. Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, Rodrigues disse que em nenhum momento discutiu ajuda financeira com Delúbio, mas revelou uma faceta até agora pouco conhecida do ex-tesoureiro, que se afastou ontem do cargo - a de negociador político. Estive algumas vezes com o Delúbio depois da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva [em 2002]. Discutimos alianças entre o PT e o PL pelo País, declarou. Ele citou como exemplos as gestões feitas pelo petista junto a Rodrigues para que o PL apoiasse candidaturas petistas às eleições municipais de Belém (PA) e Recife (PE), no ano passado. Rodrigues também confirmou ao Conselho que negociou o loteamento de cargos no governo com Pereira, que se afastou da Secretaria Geral do PT na segunda-feira passada. Em vários momentos do depoimento Rodrigues negou que seja o pai do mensalão, esquema que teria surgido, de acordo com Jefferson, na Assembléia Legislativa do Rio, pago com recursos da lotérica do Rio, a Loterj. ### Waldomiro e Cachoeira irão depor este mês A CPI dos Bingos, instalada no Senado, aprovou ontem requerimentos para a convocação do empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz. Eles serão ouvidos neste mês. No caso de Cachoeira, a comissão agendou seu depoimento para a próxima quarta-feira. Waldomiro deverá ser ouvido na seqüência, uma semana depois. A data exata, segundo o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), será definida na próxima sessão da CPI. Ex-assessor da Casa Civil, à época chefiada pelo deputado José Dirceu (PT-SP), Waldomiro deixou o cargo após ser flagrado em vídeo negociando propina com Cachoeira, em 2002. A fita foi gravada pelo próprio empresário. O dinheiro supostamente financiaria campanhas eleitorais. Escândalo O caso Waldomiro foi o escândalo de maior repercussão em 2004, mas não acabou em CPI na época porque os líderes dos partidos governistas e o então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), se recusaram a indicar os integrantes. A oposição recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a formação da comissão. O escândalo abalou o então ministro José Dirceu porque Waldomiro era um dos seus homens de confiança. Atualmente, Dirceu se defende de outra denúncia, feita pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que o acusa de ser o idealizador de um esquema de pagamento de mesadas a deputados, o que será investigado por uma CPI mista. Dirceu nega. Na reunião de ontem da CPI dos Bingos, o senador Geraldo Mesquita (PSOL-SC) chegou a sugerir a convocação de Dirceu, mas acabou convencido pelos demais integrantes a esperar pelo depoimento de Waldomiro. Segundo o relator da comissão, Garibaldi Alves (PMDB-RN), seria prematuro ouvir Dirceu antes de Waldomiro. O depoimento do Waldomiro deverá levar a convocá-lo [Dirceu]. A comissão solicitou ainda documentos sobre o caso já coletados pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, onde o caso foi investigado no ano passado. Foram aprovados uma série de requerimentos do senador Juvêncio da Fonseca (PDT-MS). Um deles pede o envio de uma relação dos funcionários do governo que trabalhavam com Waldomiro na época. Outro, requer ao Tribunal de Contas da União (TCU) cópias dos relatórios de auditorias sobre os contratos da Caixa Econômica Federal com a empresa de tecnologia GTech, que gerencia loterias federais.