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Grava��o liga PT a esc�ndalo do INSS

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JANAINA LAGE Folha Online Uma gravação clandestina divulgada na edição de ontem do “Jornal Nacional” aponta para o envolvimento do PT num esquema de pagamentos mensais feitos por empresários do Rio de Janeiro. A principal personagem desse virtual novo escândalo é a auditora fiscal do INSS Maria Auxiliadora de Vasconcellos, presa em maio deste ano sob acusação de corrupção passiva. Segundo denúncia do Ministério Público Federal, Maria Auxiliadora era presidente de um sindicato, supostamente de fachada, que estabelecia contatos com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) para saber quais empresas estariam dispostas a pagar propinas a auditores fiscais para não serem fiscalizadas. A Firjan negou à época a existência de uma “caixinha” da federação para os fiscais. A quadrilha enganava empresários apresentando cobranças de dívidas muito maiores do que aquelas que realmente existiam. Depois, os auditores negociavam com empresários a suspensão desses débitos em troca de dinheiro. FRAUDES A gravação da conversa telefônica exibida pelo telejornal data do dia 11 de agosto de 2004 e foi feita pela Polícia Federal no âmbito das investigações sobre o episódio das fraudes do INSS. Durante a ligação, a auditora Maria Auxiliadora comenta para outra auditora, identificada como Maria Teresa, sobre uma conversa que teria ocorrido com o ex-ministro da Previdência Almir Lando (2004-março de 2005) sobre um esquema de pagamento de propinas pela Firjan para que empresas não fossem fiscalizadas pelo Instituto de Seguridade. A auditora Maria Auxiliadora afirma que a federação do Rio de Janeiro pagava uma mensalidade ao PT, mas nos trechos da gravação exibida não há menção a valores. ### Esquema teria começado na gestão FHC Maria Auxiliadora também sugere que o esquema de pagamento de propinas teria começado anteriormente à gestão do PT no governo federal e cita o nome do ex-ministro José Cechin (2002) e Waldeck Ornélas (1998-2001). O advogado Gentil Silva Júnior, que representa a auditora fiscal Maria Auxiliadora de Vasconcellos, afirma que a cliente apenas repassou o que vinha escutando de terceiros. “Ela não tem prova nenhuma, tudo que diz na gravação foi informado à juíza federal que a interrogou e é objeto da ação penal que ela está respondendo”, disse. A auditora foi solta há cerca de 15 dias, após ter sua prisão preventiva revogada pela juíza da 8ª Vara Criminal. “O Ministério Público quando pediu a prisão preventiva, usou essa gravação como fundamento. A gravação não tem nenhum fato concreto”, afirmou. Em resposta à nova denúncia de pagamento de propina envolvendo a cúpula do PT e a Firjan, Amir Lando, que ocupou o Ministério da Previdência de janeiro de 2004 a março de 2005, rebateu as acusações. “O ministro José Dirceu jamais disse para não fiscalizar o Rio de Janeiro. Pelo contrário. Nós recebemos denúncias de que as maiores empresas, as 500 maiores do Rio de Janeiro não eram fiscalizadas há dez anos”. O ex-ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, também se defendeu. “O meu período do Ministério é marcado pelo combate firme e rigoroso a corrupção e a fraude da Previdência Social”, afirmou. Apesar de a gravação ter sido feita há quase um ano, só há um mês o Ministério Público conseguiu acesso às informações. “As denúncias das auditoras são do ano passado, ou seja, em tempo muito anterior ao esquema conhecido como o Mensalão. Então esses fatos são muito graves, então nós já estamos adotando todas as medidas cabíveis para esclarecermos os fatos”, informou Fábio Aragão, procurador da República. Em nota, o ex-ministro da casa civil, deputado José Dirceu diz que as declarações da auditora são infundadas e que jamais teve conhecimento de esquema para acobertar irregularidades envolvendo o INSS. O ex-ministro José Cechin, que ficou à frente do Ministério da Previdência entre março e dezembro de 2002, disse ter certeza de que na gestão dele e na de outros ministros nunca existiu o esquema citado pelas auditoras. Os advogados de Delúbio Soares disseram que ele desconhece as denúncias. ### CPI dos Correios quer ouvir Marcos Valério novamente Reunidos na noite de ontem, os integrantes da CPI dos Correios reclamaram que ainda não tiveram acesso ao relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com a movimentação bancária do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e de oito empresas do publicitário Marcos Valério de Souza. Segundo eles, o acesso ao documento ainda não foi possível porque o presidente da CPI, Delcídio Amaral, levou o relatório para Campo Grande. O senador Delcídio Amaral (PT-MT), disse que o publicitário Marcos Valério será convocado para depor novamente na comissão. A análise de documentos entregues à CPI pelo Coaf mostrou que uma das empresas do publicitário pode ter movimentado R$ 30 milhões em dois anos. Valério disse que a movimentação da empresa era irrelevante. O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) disse ontem que o ex-assessor José Adalberto , preso com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil na cueca, terá de depor na CPI porque, segundo ele, está claro que não é a única viagem para buscar dinheiro em São Paulo e mostra o repasse de dinheiro para diretórios do PT. ### Renan quer nomes para a CPI do Mensalão O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer definir até hoje os nomes dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)) Mista do Mensalão. Renan se reunirá hoje, às 15 horas, com todas as lideranças partidárias da Câmara e do Senado e, segundo sua assessoria, espera que os nomes dos integrantes da CPI do Mensalão já estejam definidos. Caso falte alguma das 34 indicações, Renan deve designar os integrantes que faltarem. A CPI do Mensalão foi criada na semana passada, quando foi lido o seu requerimento de criação durante sessão conjunta do Congresso. A comissão vai investigar o suposto esquema de pagamento de mesada a deputados da base, o chamado mensalão. Devido a um acordo de lideranças, a CPI vai investigar ainda as denúncias de compra de votos no período do governo Fernando Henrique Cardoso, mais precisamente para a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permitiu a reeleição em cargos no Executivo. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), propôs que os trabalhos das CPIs do Congresso que investigam denúncias de corrupção fossem fundidos em uma só comissão de inquérito. Renan afirmou que sempre foi favorável a que todas as denúncias fossem investigadas em conjunto, mas disse que a proposta não foi aceita antes e que não sabe se é possível unir as investigações agora. ### Relator acha cedo convocar Genoino e Dirceu para depor O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), acha precipitado convocar agora para depor o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-ministro José Dirceu porque, segundo ele, a CPI ainda não tem subsídios para questionar os dois e precisa avançar mais. Serraglio disse que a CPI recebeu muitos documentos, mas ele ainda não teve tempo para olhar tudo. Segundo o relator, a CPI ainda não teve tempo sequer para ver as conclusões da Controladoria Geral da União (CGU) sobre as irregularidades nos Correios antes de interrogar os ex-diretores da estatal Eduardo Medeiros e Maurício Madureira hoje. O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) também acha que é cedo para ouvir Genonio e Dirceu, mas afirmou que é preciso deliberar logo sobre a convocação deles. “Temos que tentar fugir um pouco da ansiedade da opinião pública”, afirmou o tucano. Osmar Serraglio concorda com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgilio (AM), de que a comissão parlamentar de inquérito não pode ser a “CPI do abafa”, mas obserou que também não pode virar um palco. “Tem que ter tempo e apurar melhor porque a CPI está virando um palco. Ao invés de investigar, estamos fazendo teatro. Basta ver, na semana passada, baixaram a lenha dizendo que tem aqui a bancada do flash”, afirmou. Serraglio confirmou que a CPI está investigando o uso irregular de cartões de crédito, mas não quis dizer se o alvo é a família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o requerimento do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) já foi encaminhado ao Banco Central. O relator disse que a CPI está estudando a possibilidade de ir a Belo Horizonte conferir a contabilidade de Marcos Valério.

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