Nacional
DNA fez liga��es para a presid�ncia

| Folhapress O primeiro relatório parcial da quebra do sigilo telefônico da CPI dos Correios, em poder do Ministério Público e da Polícia Federal, atribui ao ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares 121 ligações para órgãos da presidência - e pelo menos uma delas foi para o principal ramal do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ramais da Presidência da República também foram acionados 126 vezes pelas empresas do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza no período em que a DNA e a SMP&B disputavam a renovação e um novo contrato com estatais entre agosto e dezembro de 2003. A CPI rastreia 1,5 milhão de chamadas dos principais referidos no escândalo do mensalão e de apenas parte (6) das 40 operadoras de telefonia. Por ora, só cruzou dados dos telefones fixos do Palácio do Planalto e outros órgãos públicos, e não os celulares das autoridades e demais personagens investigados. O telefone celular era um meio importante de contato para os pagamentos de políticos. Em depoimento anteontem à Polícia Federal, em Brasília, Marcos Valério disse que tinha o costume de trocar o número de seu celular. Delúbio Soares também trocava muito o número de seu telefone, contou Valério. O hábito do publicitário e do ex-tesoureiro dificulta as investigações. A ligação telefônica do ex-tesoureiro petista para o ramal do presidente da República ocorreu em 19 de outubro de 2004, informa o relatório. Os contatos mais freqüentes de Delúbio Soares eram com o gabinete do ex-ministro José Dirceu. O relatório identificou 292 ligações de Valério para órgãos da Presidência entre 2000 e 2005. A maior parte das chamadas (268) ocorreu na gestão de Lula e teve como destino a ex-Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica. ### Ministério deve rastrear contas Felipe Recondo O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, subordinado ao Ministério da Justiça, pedirá a autoridades do governo norte-americano o rastreamento das contas bancárias que estão em nome do publicitário Duda Mendonça e de sua sócia, Zilmar Fernandes da Silveira. O objetivo é investigar se Duda usou a conta para receber outros pagamentos além dos R$ 10,5 milhões recebidos pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Os investigadores querem saber quem são os titulares das contas que alimentaram os pagamentos feitos a Duda na empresa Dusseldorf Company, off-shore da qual participa o publicitário. A desconfiança é de que as movimentações sejam feitas exclusivamente por doleiros. Anteontem, em depoimento à Polícia Federal, Marcos Valério disse que fez pagamentos a Duda Mendonça, por intermédio do doleiro Jader Kalid Antonio, que opera em Belo Horizonte (MG). O pedido, segundo Valério, teria partido da sócia de Duda Mendonça, Zilmar Fernandes da Silveira. O nome do doleiro foi apresentado a Valério como sendo de um consultor financeiro da publicitária e teria sido indicado por outro doleiro de São Paulo, cujo nome Valério disse não se recordar. Duda, por outro lado, afirmou à CPI que abriu uma conta no exterior para receber recursos referentes à campanha de 2002, por recomendação de Valério, que disse nunca ter feito qualquer orientação aos publicitários para a abertura da conta.