Nacional
Fracassa novo acordo sobre reformas

Ranier Bragon Folhapress Brasília - Naufragou ontem mais uma tentativa de acordo para que os principais pontos das reformas eleitoral e política fossem votados a tempo de entrar em vigor já nas eleições de outubro do ano que vem. Depois de nova rodada de negociações entre líderes partidários da Câmara dos Deputados, ficou acertado a votação de apenas duas das várias propostas: a que desestimula o troca-troca de políticos entre os partidos e a que acaba com a verticalização nas eleições. Os outros itens que tramitam no Congresso, como a instituição do financiamento público exclusivo de campanhas e o projeto de barateamento do custo das campanhas eleitorais, ficaram para ser tocados posteriormente, sem prazo definido. Vamos discutir as propostas, mas sem o compromisso de que elas valham em 2006. Se é para valer em 2008, 2010, ou o que seja, é uma questão que será discutida, afirmou o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP). Não vamos fazer uma reforma política atabalhoada com o único objetivo que ela valha em 2006. Vamos tentar fazer a melhor reforma política, reforçou o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Após o estouro do escândalo do mensalão, no início de junho, políticos começaram a articular mudanças na legislação eleitoral e partidária como forma de dar uma resposta à sociedade. O problema é que a paralisia que atinge o Congresso não possibilitou que qualquer uma das várias propostas fosse aprovada até o último sábado, prazo final para que mudanças na legislação eleitoral valham para o pleito de 2006. Concordamos em votar a reforma política, mas nosso entendimento é que ela valerá somente a partir de 2008, afirmou José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da oposição. Tentava-se ainda dar fôlego a uma Proposta de Emenda à Constituição que estica o prazo-limite para as alterações para 31 de dezembro, mas a medida é controversa e, apesar de continuar tramitando, depende de um aval expresso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que foi consultado pela Câmara. A partir do momento em que se abre mão da exigência de que as mudanças entrem em vigor agora [para as eleições de 2006], acho que dá para fazer uma coisa mais ampla, afirmou Sandro Mabel (GO), líder do PL, verbalizando a opinião de alguns segundo os quais modificações importantes podem ser votadas daqui para frente, mas com entrada em vigor a partir das eleições municipais de 2008. Assim que a pauta de votações da Câmara for liberada das Medidas Provisórias (MPs) vencidas - não votadas no prazo de 45 dias - Aldo deve colocar em votação os dois projetos. O primeiro é uma resolução (201/05) que estabelece como parâmetro de cálculo para a distribuição da estrutura legislativa entre os partidos as bancadas de deputados federais eleitos, e não as bancadas do início da legislatura, como ocorre amanhã. A intenção é desestimular a disputa de legendas para atrair deputados entre a eleição e o início da legislatura como forma engordar e obter mais benefícios, tais como maior número de assessores nos gabinetes das lideranças e o controle das comissões mais importantes. A segunda proposta é uma emenda à Constituição que põe fim à verticalização, regra instituída em 2002 que proíbe os partidos de fazerem coligações nos Estados que contrariem aquela feita nacionalmente. Há controvérsia sobre se a aprovação da emenda acaba com a verticalização já em 2006. A reunião de ontem definiu ainda que nesta semana serão votadas quatro das cinco MPs que trancam a pauta. No dia 18, provavelmente, vai a voto a MP que cria a Super-Receita.