Nacional
Del�bio desiste de entregar carta de desfilia��o ao PT

| Conrado Corsalette Folhapress São Paulo - Quase cinco meses após o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciar o suposto esquema do mensalão, o PT tenta dar fim hoje ao seu primeiro processo de punição interna, contra o ex-tesoureiro Delúbio Soares. Os deputados petistas acusados de sacar dinheiro das contas do publicitário Marcos Valério de Souza, porém, devem ficar livres de responsabilidade no caso. Integrantes da cúpula petista receberam ontem um telefonema de Delúbio, informando que iria entregar sua carta de desfiliação. Ainda assim, o presidente da legenda, Tarso Genro, insistia em votar o relatório pela expulsão. Ao tomar conhecimento disso, por meio de interlocutores, o ex-tesoureiro petista voltou atrás. Seu desligamento voluntário era um desejo da cúpula do partido e do Planalto e poderia servir para diminuir o desgaste provocado pela crise política. Francisco Rocha, coordenador do Campo Majoritário, grupo interno com maior influência no partido, chegou a fazer um último apelo para que o ex-tesoureiro Delúbio Soares se desfiliasse. Mas foi em vão. ### Deputados querem barrar processo Tanto o caso de Delúbio como o dos deputados envolvidos no escândalo do mensalão serão discutidos na reunião do Diretório Nacional, instância máxima do PT. Após esses debates, os novos membros do Diretório, eleitos no mês passado, tomarão posse. Delúbio, acusado de comandar o esquema de distribuição de dinheiro a parlamentares da base aliada, será julgado por gestão temerária das finanças do partido e deve ser expulso. Já os seis deputados do partido que receberam dinheiro do esquema de Marcos Valério para pagar dívidas de campanha via caixa dois, além de o ex-ministro e deputado José Dirceu, são alvos de uma comissão de sindicância, que determinará se eles devem ou não ser submetidos à Comissão de Ética, instância responsável por pedidos de expulsão. Dirigentes ligados ao Campo Majoritário, grupo interno com maior força dentro do PT, trabalham para que o relatório da comissão de sindicância seja arquivado hoje. Os dirigentes dizem que, antes de serem punidos internamente, é preciso aguardar o resultado das investigações das CPIs do Congresso Nacional. Se depender de mim, não haverá Comissão de Ética [para os parlamentares], disse Rocha. Um deputado que solicita dinheiro à direção nacional e recebe não pode ser responsabilizado. Temos de aguardar as investigações no Congresso, afirmou Gleber Naime, secretário de Organização do partido. Ontem, em reunião do Campo Majoritário, os petistas acusados negaram saber que o dinheiro que receberam era de caixa dois. A fonte conhecida era a tesouraria do Diretório Nacional, afirmou o deputado João Paulo Cunha (SP), um dos sacadores.