| Marcella Sobral Globo Online Rio de Janeiro - O nariz torcido da grife paulistana Daslu não foi suficiente para impedir o lançamento da prima carioca criada por prostitutas ligadas à ONG Davida, a Daspu. Numa passarela improvisada com pétalas de rosas vermelhas sobre os paralelepípedos de uma rua da Praça Tiradentes, as meninas desfilaram ontem os primeiros dez modelos da marca, cuja coleção completa será lançada em março. Vestidos de malha com renda e tops decotados foram desenvolvidos pelas próprias prostitutas e fazem parte da linha Batalha, para ser usada no trabalho. Ainda estão por vir roupas da linha Folia, da linha Básica e da linha Ativismo. Os modelos, que dificilmente seriam vendidos na Daslu, fizeram sucesso: “A Daspu representa uma realidade; a Daslu, uma vaidade”, disse o cineasta Neville de Almeida, que registrou tudo com sua câmera. Momento top model Antes do desfile as meninas viveram momentos de top model, com direito a camarim numa das suítes do hotel ao qual já tinham ido antes, a trabalho: “Estou realizando um sonho de criança. Sempre sonhei aparecer”, disse a prostituta e modelo Val. Jane Lúcia da Silva estava deslumbrada: “Estou até dando autógrafo na rua”. Para a idealizadora do projeto e coordenadora da Davida, Gabriela Leite, o desfile foi uma vitória. “É uma vitória contra a Daslu e contra tudo o que ela representa num País como o nosso”. O prazo dado pela Daslu para que a Daspu abrisse mão do nome expirou na última quinta-feira, mas até a última sexta-feira a nova grife alegava que ainda não tinha sido acionada judicialmente.