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Nº 5759
Nacional

Relator de CPI descarta acordo contra cassa��o

| Fernanda Krakovics Folhapress Brasília - O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), criticou um suposto acordão em curso na Câmara dos Deputados para poupar da cassação deputados acusados de envolvimento no escândalo do mensalã

Por | Edição do dia 04/01/2006 - Matéria atualizada em 04/01/2006 às 00h00

| Fernanda Krakovics Folhapress Brasília - O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), criticou um suposto acordão em curso na Câmara dos Deputados para poupar da cassação deputados acusados de envolvimento no escândalo do mensalão. “Ai dos partidos que estão sendo investigados se assim se comportarem. Quem não for depurado agora vai ser depurado nas eleições de outubro”, disse. A suspeita de uma operação-abafa na Câmara surgiu depois que o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), que teve sua cassação recomendada pelo Conselho de Ética, foi poupado pelo plenário da Casa em dezembro. Ele foi beneficiado com dinheiro sacado das contas do publicitário Marcos Valério de Souza. Segundo Serraglio, o relatório final da CPI não irá poupar ninguém. “Se alguma coisa foi deixada de fora até o momento não foi para beneficiar uma pessoa, segmento ou partido”, afirmou. Ele explicou que os relatórios preliminares deixaram questões de fora devido ao excesso de volume de dados que estão sob investigação. O relator rebateu ainda a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao “Fantástico” no domingo, e disse que, independente do relatório final da comissão, a população já teria se convencido de que o mensalão existiu. “O que estamos presidindo aqui é um grande júri popular. Quem está se convencendo das provas é a população, que está assistindo quem vem depor. Não vai ser o relatório que vai convencer ninguém. Daí a perplexidade diante da declaração de que não há provas ainda.” O relator se referia à declaração do presidente Lula de que ainda não há provas da existência do mensalão e que é preciso aguardar o relatório final da CPI para só então tirar conclusões. “Eu não retalio o PT por ter cometido equívocos, todos cometemos, nisso eu concordo com o presidente, mas é preciso tomar posição, responsabilizar pessoas”, afirmou Serraglio ao discursar na abertura da sessão da CPI. Serraglio também reclamou da intenção do PT de fazer um relatório paralelo ao apresentado, em caráter parcial, no final do mês passado. Nenhum integrante do PT ou de partidos aliados se manifestou para defender o partido ou Lula. ### Patrocínio da Petrobras será analisado Fernanda Krakovics Folhapress Brasília - Integrantes da CPI dos Correios investigarão se a Petrobras teria favorecido o Instituto Florestan Fernandes (IFF), ligado a petistas, em suas instâncias, com verbas de patrocínio. Em 2005, o IFF foi beneficiado com a segunda maior cota de patrocínio da estatal, R$ 8,6 milhões, perdendo apenas para o Clube de Regatas do Flamengo, que recebeu R$ 12 milhões. O deputado Silvio Torres (PSDB-SP) apresentou ontem um requerimento à CPI solicitando cópia dos contratos de patrocínio firmados entre o instituto e a Petrobras, além da prestação de contas. O objetivo é verificar se o dinheiro financiou eventos culturais, mas o documento ainda precisa ser votado pela comissão. “Chama atenção o fato de constar entre os nomes listados um grande número de parlamentares, militantes e dirigentes do PT, razão pela qual estamos solicitando informações mais detalhadas dos contratos para dirimir quaisquer dúvidas sobre favorecimentos por parte da empresa à entidade beneficiada”, afirmou Torres. Procurada pela reportagem, a Petrobras não se manifestou até as 20h de ontem. O IFF afirmou que recebeu R$ 4,1 milhões para a implantação do Museu Afro Brasil e R$ 4,5 milhões para a implantação do Museu da Cidade. O prefeito José Serra (PSDB) teria renovado o termo de colaboração com o IFF para as atividades do Museu Afro Brasil e para o recebimento de novo patrocínio de R$ 2,3 milhões. Ainda segundo o instituto, eles teriam recebido só a primeira parcela do patrocínio do Museu da Cidade -R$ 1,8 milhão. Entre os membros do conselho consultivo do IFF está Mônica Valente, mulher do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, expulso do partido depois que veio à tona o esquema de caixa 2 montado por ele em parceria com Marcos Valério. Da assembléia geral fazem parte, entre outros, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). ### Skymaster: saques chegaram a R$ 5,1 mi Folhapress Brasília Dois funcionários da Skymaster, empresa que faz transporte aéreo de cargas para os Correios, disseram ontem à CPI ter sacado R$ 5,1 milhões em dinheiro, entre 2002 e o início deste ano, da conta da empresa. Parlamentares suspeitam que esses recursos foram utilizados para pagar propina a funcionários da estatal como forma de obter vantagens, o que a empresa nega. Com um salário de R$ 667 e um Chevette 87 como patrimônio, o motorista Éder Cabo Verde retirou, em espécie, R$ 3,8 milhões em mais de 90 saques feitos em agências dos bancos Real e Bradesco de Manaus (AM). Acompanhado de uma advogada paga pela Skymaster, Cabo Verde afirmou que cumpria ordens do chefe do departamento financeiro, Reginaldo Régis Fernandes, a quem acompanhava ao banco. Ele não soube informar para onde foi o dinheiro. Fernandes, que também prestou depoimento ontem, sacou R$ 1,3 milhão no período. Segundo ele, os recursos eram para pagar salário de funcionários e fornecedores. “Acho que o senhor está faltando com a verdade porque a folha da empresa é paga via banco”, afirmou o sub-relator de contratos, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). Mesmo com o questionamento do sub-relator, o chefe do setor financeiro insistiu que alguns salários eram pagos com dinheiro vivo. Fernandes disse que entregava o dinheiro para João Marcos Pozzetti, um dos sócios da empresa. A Skymaster afirmou que não há irregularidade nos saques feitos pelos funcionários e que os valores, apesar de altos, são comuns em empresas do setor. O terceiro a prestar depoimento ontem foi Carlos Alberto Taveira Cortez, um dos sócios da casa de câmbio Cortez Câmbio e Turismo. Um empregado seu, o segurança Francisco Marques Carioca, disse à CPI na semana passada ter sacado R$ 1 milhão entre fevereiro de 2000 e julho de 2001 das contas da Skymaster. Cortez disse que não tinha conhecimento do fato. “Trabalhamos com a suspeita de que o senhor trocava dinheiro por dólar para a Skymaster. Parece que está se querendo montar um álibi para não se montar essa relação”, afirmou Cardozo. Relatório da CPI apontou um superfaturamento de R$ 64 milhões nos contratos da Skymaster e da Beta, que teriam um “conluio”. Ainda foi apontada a remessa de R$ 69,7 milhões pela Skymaster para o exterior, nos últimos cinco anos, com o pretexto de arrendamento de aeronaves. O sub-relator de contratos pretende convocar os gerentes da agências dos bancos Real e Bradesco em Manaus, além de fazer comunicado ao Banco Central, porque os saques teriam sido irregulares. Isso porque Cabo Verde e Fernandes não tinham procuração para fazer a retirada do dinheiro e também não endossavam os cheques. ### Empresário se nega a dar informações ROSE ANE SILVEIRA Folha Online Brasília - Em um depoimento considerado frustrante pelos integrantes da sub-relatoria de contratos da CPI dos Correios, o empresário Carlos Alberto Taveira Cortez se recusou a responder perguntas feitas pelos parlamentares. Munido de habeas-corpus parcial concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Cortez fez uso do seu direito de não assinar o termo de compromisso da CPI e de se recusar a responder o que lhe era perguntado. Diante disso, o relator da sub-relatoria de contratos, deputado José Eduardo Cardoso (PT-SP), decidiu pedir a transferência do sigilo de Justiça do processo a que responde o empresário. Requerimento O requerimento para esta transferência de informações só será votado na próxima reunião administrativa da CPI, marcada para o dia 10 de janeiro. O empresário, que é sócio da Cortez Cambio e Turismo, já esteve preso por cinco meses e responde a processo por lavagem de dinheiro, evasão fiscal, gestão fraudulenta e formação de quadrilha. Sua empresa é investigada pela comissão por suposto envolvimento irregular com Skymaster, que faz o serviço de transporte aéreo para os Correios e Telégrafos. Cortez negou ser amigo de João Marcos Pozzeti, diretor da Skymaster, e afirmou que só o conhece socialmente. Ele disse ainda que nunca prestou serviços de câmbio para a empresa aérea. ### Empresa nega possíveis irregularidades Folha Online Brasília A assessoria de imprensa da Skymaster divulgou nota ontem afirmando que não há qualquer irregularidade nos saques realizados por funcionários da empresa. Ontem, o chefe do departamento financeiro da Skymaster, Reginaldo Reges Meneses Fernandes, confirmou ter feito vários saques nas contas da empresa, que totalizaram R$ 1.3 milhões e declarou que estes recursos, pelo que ele sabia, se destinava ao pagamento de funcionários e fornecedores da Skymaster. Segundo Reges, ele nunca recebeu seu salário em espécie e não sabe dizer quais funcionários da empresa recebem o salário em dinheiro. “A empresa continua à disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários, relacionados a detalhes da operação, comuns a qualquer companhia aérea, mas pouco compreensíveis para leigos, inclusive com relação aos altos valores operados”,diz a nota. Indagado sobre os fornecedores que recebiam em dinheiro da Skymaster, Fernandes lembrou apenas da Force Filds, empresa que segundo o sub-relator de contratos da CPI, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas e está sob investigação. Na nota, a assessoria de imprensa da Skymaster afirma ainda que todos “os aviões que opera são de empresas com as quais mantém contrato de leasing, de forma absolutamente transparente, e com documentos e pagamentos monitorados pelos órgãos oficiais brasileiros, da aviação e da ordem econômica”.

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