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Nº 5759
Nacional

Den�ncia de press�o tumultua Conselho

| Silvio Navarro Folhapress Brasília - Em uma sessão marcada por denúncias abertas de pressão de partidos para livrar deputados da cassação, o Conselho de Ética da Câmara adiou ontem pela segunda vez a votação do parecer que recomenda a perda do mandato

Por | Edição do dia 26/01/2006 - Matéria atualizada em 26/01/2006 às 00h00

| Silvio Navarro Folhapress Brasília - Em uma sessão marcada por denúncias abertas de pressão de partidos para livrar deputados da cassação, o Conselho de Ética da Câmara adiou ontem pela segunda vez a votação do parecer que recomenda a perda do mandato de Roberto Brant (PFL-MG). A polêmica sobre a costura de um acordão no conselho para salvar o mandato de Brant começou logo pela manhã, quando o relator do processo, Nelson Trad (PMDB-MS), anunciou que fora procurado por Pedro Canedo (PP-GO), considerado um dos votos em aberto. Trad disse ter recebido um telefonema de Canedo, 20 minutos antes do início da sessão, no qual o pepista relatava “com a voz embargada” que faltaria à sessão porque estava sob “pressão quase invencível” da direção do PP para que não votasse pela cassação. Abatido, Canedo só apareceu após a primeira suspensão da sessão. Disse ter assistido ao debate pela TV e que não compareceu porque foi orientado pelo presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), que também enfrenta processo de cassação, a “aguardar” o término da reunião da bancada da sigla para se posicionar. “Esta é uma casa política e não se faz política sem partidos. Pela primeira vez o presidente do meu partido perguntou qual seria o meu voto”. O presidente do PP confirmou a consulta, mas negou ter cerceado o correligionário. Mais tarde, após a sessão ser retomada, Canedo minimizou o tom. Afirmou que recebeu apenas “sugestões” sobre como votar e que o líder interino do PP na Casa, Mário Negromonte (BA), o havia autorizado a votar “de acordo com sua consciência”. Além de Corrêa, o PP tem outros três deputados ameaçados de perda de mandato por envolvimento no escândalo do mensalão: Pedro Henry (MT), Vadão Gomes (SP) e José Janene (PR). O outro representante do partido no conselho, Benedito de Lira (AL), defendeu a absolvição de Brant durante a sessão. Após as sucessivas interrupções da sessão, o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), marcou para hoje a nova data da votação. Na seqüência, também será votado o parecer que pede a cassação do deputado Professor Luizinho (PT-SP). ### Canedo volta atrás e nega pressão do PP ROSE ANE SILVEIRA Folha Online Brasília - O anúncio explícito de uma possível interferência do PP no placar da votação do processo que recomenda a cassação do deputado Roberto Brant, considerado o mais apertado até agora, gerou protesto da ala que defende a aprovação do relatório. “Esta pressão espúria autoriza a opinião pública a imaginar mil coisas, os tais acordões, pizza”, disse Chico Alencar (P-Sol-RJ). Líderes do PFL e integrantes do partido na CPI dos Correios, que compareceram em peso à sessão, rechaçaram a articulação de um acordo. “Não vou fazer juízo das denúncias do relator. O deputado Canedo tem suas próprias pernas para se locomover. (...) Não fizemos acordo com ninguém”, disse Rodrigo Maia, líder do PFL. Pelas contas dos pefelistas, Brant terá sete votos a seu favor: três do PFL, dois do PSDB, além do apoio de Benedito de Lira e da petista Ângela Guadagnin (SP). A avaliação dos membros do conselho é que a ausência de Canedo acarretaria derrota do parecer de Trad, que necessita de maioria absoluta - ou seja, oito dos 14 votos. O voto do pepista pela cassação geraria um empate em 7 a 7, o que forçaria o presidente do conselho a desempatar. Nos bastidores, Izar admitiu que acompanhará o voto do relator. Versões Após reunião fechada do Conselho de Ética, Pedro Canedo (PP-GO), confirmou ter sofrido pressões da direção do PP para que mudasse seu voto ou então não comparecesse à reunião de ontem. “Recebi a orientação do partido para aguardar a ordem para vir ou não ao Conselho. Primeiro o deputado Pedro Corrêa [presidente do PP] me consultou sobre como seria meu voto. Eu disse que votaria com o relator. Ele me perguntou se não tinha chance de mudar meu voto, eu disse que não. Depois, recebi a ordem para aguardar”, relatou Pedro Canedo. Em seguida, ele voltou atrás e disse que não havia sofrido pressão, afirmando que “pessoas se dizendo interlocutoras do partido o aconselharam a mudar seu voto”. “Lamentavelmente, o Conselho de Ética sofreu um trote. Nós fomos enganados”, afirmou o deputado Edmar Moreira (PFL-MG). Para muitos deputados do Conselho de Ética, Pedro Canedo se antecipou ao fazer as denúncias da pressão e, dessa forma, conseguiu evitá-la trazendo o caso a público.

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