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Nº 5759
Nacional

Serra renuncia e discursa em sua defesa

| Catia Seabra Folhapress São Paulo - Um ano e três meses após assumir a prefeitura, o tucano José Serra renunciou na sexta-feira ao cargo para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Para justificar sua saída com dois anos e nove meses de mandato pela

Por | Edição do dia 02/04/2006 - Matéria atualizada em 02/04/2006 às 00h00

| Catia Seabra Folhapress São Paulo - Um ano e três meses após assumir a prefeitura, o tucano José Serra renunciou na sexta-feira ao cargo para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Para justificar sua saída com dois anos e nove meses de mandato pela frente - mesmo tendo assumido o compromisso formal de ficar até o fim -, Serra afirmou que sua opção “é a que exige maior sacrifício” e reproduziu todos os argumentos reunidos até agora para sustentar a decisão. “Se assumo o risco de sair do comboio que está em plena marcha, o faço para assegurar as condições para que continue progredindo. A meu ver, é a decisão correta. Pensei muito. Uma decisão difícil, a mais difícil que tomei na minha vida. Mas é uma decisão que, embora arriscada, é necessária. Estou convencido de que é a decisão correta”, disse, num discurso dedicado a justificativas: “Acredito que o povo de São Paulo saberá compreender minhas razões. E a ele me submeterei como já fiz sete vezes na minha vida”, concluiu. Apesar de ter optado por um tom emocional, chegando a encher os olhos de lágrimas ao se referir ao amigo e secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, Serra mostrou-se armado para a batalha contra o PT. Citou dados sobre o governo da antecessora, a petista Marta Suplicy, sua possível adversária, e contou ter pronto um balanço das ações de sua gestão em comparação à passada. Para se vacinar do esperado ataque petista, foi para o ataque: “O time adversário, que fez barbaridade dos túneis, dos jardins, não tem moral para abrir a boca a respeito de obras e de tudo o mais”, reagiu Serra, chamando de previsível o argumento petista. “Eles não têm nem terão outra coisa para dizer. Depois da bagunça com que deixaram a prefeitura de São Paulo [...], diante da falta de propostas e de rumo em que está o Brasil agora, realmente não vai haver para eles discurso fora esse”, reagiu. Em entrevista, Serra defendeu o sucessor, o pefelista Gilberto Kassab, cuja participação no governo Celso Pitta foi explorada na eleição passada. “Quanto a alguém ter ocupado durante um ano uma secretaria num governo que foi ruim para São Paulo, isso não pode ser entendido como a decretação da falência múltipla de órgãos para exercer cargos públicos para o resto da vida.” Serra chegou ao Anhembi -palco do discurso - com um disquete. Lá, imprimiu seu discurso para que fosse exibido num teleprompter. Ao longo do discurso de cerca de 20 minutos, martelou alguns pontos, como o de que “a melhor maneira de servir à cidade de São Paulo é assegurar que não mudarão os padrões de parceria e de colaboração entre a prefeitura e o governo do Estado”. Ou de que “São Paulo não pode viver mais o risco de retrocesso”. Antes, Serra entregou a carta-renúncia ao presidente da Câmara, Roberto Tripoli, no campo de Marte, onde pousou de helicóptero. Ao protocolar a mensagem, Serra deixou de ser prefeito. No anúncio, Serra consumiu maior parte do tempo explicando a renúncia após ter assinado um documento se comprometendo a concluir o mandato. Ao responder se tinha mentido, afirmou que as circunstâncias mudaram desde então: “Naquele momento, eu disse a verdade. As circunstâncias passaram a ser outras. Naquele momento não tinha porque não o fazer [assinar]”. Embora tenha dito por duas vezes contar com a preferência do PSDB para disputa pela Presidência da República, Serra descartou a possibilidade de se apresentar para a corrida caso o candidato do partido, Geraldo Alckmin, não decole. “Estamos nessa batalha conjuntamente. O jogo não admite substituição. É como o futebol de antigamente.” Serra optou pelo Anhembi após uma manhã de indefinições. Num primeiro momento, os secretários foram convocados para um almoço. Mais tarde, foram informados de que deveriam deixar o horário das 18h livre para reunião. Só pela manhã, a prefeitura consultou o presidente do Anhembi, Caio Carvalho, sobre a possibilidade de usar o local para o anúncio. Na sala do presidente, Serra imprimiu o discurso, abraçou secretários e, segundo participantes, derramou lágrimas.

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